Capítulo 51

  
       Atravessei a sala do trono acompanhada por Uriah, Amanda estava me esperando e assim que percebeu a minha presença, correu e abraçou-me com força. Prendi a respiração por conta da dor, mas devolvi o abraço. Passei direto pelo trono, ainda não era hora de tomar posse dele.
       Amanda me guiou para a sala de reuniões do castelo, tínhamos muitas coisas para discutir antes de eu erguer meu governo daquele lado da muralha. Todas as Mestra-Sacerdotisas estavam na sala, entrei e sentei na cadeira mais perto, Yara chegou logo em seguida.
        — Estamos em uma situação delicada, Rose, e parece que agora você será uma rainha, quais são os próximos passos? Imagino que deva ter pensado em alguma coisa — começou uma delas.
        Suspeirei profundamente e organizei as palavras em minha mente, aquele era o momento de decisões importantes e eu tinha que estar com a cabeça no lugar. A muralha estava celada, Vurian e Zufreid haviam sido tomados, meu caminho estava livre para decidir qualquer coisa.
        — Quero vigilha o tempo todo na muralha, qualquer suspeito deve ser trazido sob custódia. Vurian terá que ser concertada, além disso, vamos levantar reformar Kyvar. A partir de hoje o lado Norte vai pertencer a um só governo, e se chamará, Ordem de Prata — lembrei da vez que conheci a cúpula subterrânea da ordem que meus pais levantaram, e era hora de trazê-la de volta —, todo o povo Manak pode conviver fora dos esconderijos agora, estão livres.
       — Precisamos fazer alianças comerciais para obter lucro — disse Yara de repente —, vamos estudar mapas e possíveis reinos em outros lugares, assim não precisamos arriscar exportação do lado de lá da muralha, afinal, o imperador tem o controle de tudo.
       — Rubria não está sob controle dele — interrompeu Amanda —, podemos formar uma aliança comercial com eles.
       — O que Rubria pode nos oferecer? — perguntou outra Mestra-Sacerdotisa.
       — Rubria será nossos olhos daquele lado, além disso, os melhores tecidos só podem ser encontrados lá — respondi antes de Amanda —, a pergunta é o que nós iremos oferecer para os outros reinos, há alguma especialidade que podemos nos firmar?
        — Remédios — Uriah falou —, sei muito bem que os Manak fazem todo o tipo de remédio usando sangue de Halab e outras coisas.
        — Boa ideia, podemos exportar Gignac, Fihar e Lassan — concordou Yara.
        — Então é isso, na questão da segurança, podemos recrutar homens e jovens para o exército, além disso, os caçadores Manak podem ajudar — continuei —, vamos explorar o terreno e descobrir se existe alguma coisa a nosso favor, Kyvar pode ter muita coisa a oferecer, o solo é fértil, tem muitas árvores nas redondezas. Temos que descobrir uma maneira de filtrar a água do mar e torná-la potável, já que não chove tanto por aqui. 
         —  Mais alguma coisa a ressaltar? — perguntou Yara.
        Coloquei minhas mãos na mesa, eu tinha que falar a respeito dos nossos inimigos, o imperador permanecia vivo, não haveria um jeito de viver em paz àquele ponto do problema.
        — Nos próximos anos eu irei procurar os outros dois artefatos sagrados e anularei a praga, enquanto isso, preparem-se, assim que eu acabar com ela, faremos o imperador cair — todas pareceram surpresas com a mudança repentina de assunto —, iremos nos vingar por cada pessoas que morreu nas mãos do império sombrio, ele irá pagar, e todos os traidores serão punidos também.
        Amanda não disse nada, apenas baixou a cabeça, Uriah fez o mesmo, ele tinha o mesmo sentimento que eu, também sofrera nas mãos do império. Assim que a profecia fosse cumprida, eu não me importaria com mais nada, o imperador apenas teria tempo de ver tudo que construiu caindo aos meus pés.
       O gosto amargo daquela derrota não se compararia ao que fiz na noite passada. Me levantei e dei as últimas instruções, fazendo os caçadores se espalharem no reino em busca do restante dos soldados, eu os faria mudar de lado.
       Não sentei no trono quando voltei, ainda tinha coisas para resolver. Daruucad me levou para Vurian, onde instruí os soldados com o que deveriam fazer, em seguida dei ordens aos duques nobres de Millandus para ajudarem os feridos.
       Depois, fui ao encontro do ex rei de Millandus, eu precisava confrontá-lo em relação ao imperador, afinal, Arthur fora o culpado de tudo. Mandei que o trouxessem assim que o encontrei, ele foi colocado de frente para mim, parecia nervoso.
        — Sabe o motivo de estarmos sofrendo tudo isso? — perguntei a ele e o vi negar com a cabeça —, nosso inimigo foi criado por você, sabia?
       — O que quer dizer com isso?
       — Victor Efraim é o nome do imperador, seu ex amigo, que você abandonou para morrer infectado pela praga.
        — Rose, você não sabe o que está dizendo.
        — Então me explique.
        — Eu e Victor éramos muito jovens quando isto aconteceu, Rose, Victor foi quem matou aquelas gêmeas que se tornaram uma religião, quando descobri que ele as matou e um jovem havia sido espancado até a morte, acusado de ter as matado, não consegui deixar de lado, duas meninas haviam sido mortas, e a pessoa errada foi culpada.
        Me recostei na cadeira ouvindo aquela confissão, então o diadema dissera a verdade, ele fora morto, acusado injustamente, e o culpado era Victor. Arthur o abandonou para pagar pelo que fez, porém, miseravelmente o maldito fez um pacto com seres do mundo inferior.
       — Você devia tê-lo matado... faz mais de trinta anos que Victor está zanzando pelo mundo, porque você não foi capaz de julga-lo do modo certo.
        — Rose, eu tinha dezessete anos, nunca teria coragem de decretar a morte de alguém, assumi o trono de Millandus com quinze anos.
       — Por sua fraqueza, todos nós estamos sofrendo, e agora sobrou para mim dar um fim a ele — me levantei —, fique bem escondido, pois ele virá atrás de você e eu não vou te proteger.
       Saí de Vurian montado em Daruucad, havia uma frieza dentro de mim que me permitia pensar como uma rainha deveria pensar. Quando cheguei em Zufreid, o povo gritava meu nome, me chamando de rainha sagrada, mais um título que era vinculado a mim.
      Finalmente liberta de qualquer coisa que deveria concertar, caminhei até a sala do trono, observando o assento e o ouro usado para fazê-lo, eu sabia que assim que me assentasse sobre ele, uma grande responsabilidade cairia sobre mim, mas chegara a hora de colocar as coisas no lugar, e deveria começar com a segurança das pessoas importantes para mim.
       Me assentei no trono e cruzei as pernas, respirando bem fundo para saborear aquela sensação, aquele momento de sossego antes que tudo voltasse a ruir e eu tivesse que guerrear para garantir minha paz.
 

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