Capítulo 50: Imperador Victor


      Assentado sobre meu trono ouvia incrédulo o que o mensageiro dizia, Rosemary Rigdor dominara Vurian e Zufreid em apenas uma noite, o que significava que Edward Rosário estava morto. Dispensei o homem e esperei até que ele saísse, irritado virei a mesinha com diversas frutas e taças de vinho.
      O gosto era amargo, primeiro ela aparecera em meu castelo e soltou todos os prisioneiros, depois dominou todo o Norte, as coisas não poderiam estar piores. Me levantei e fui até a porta aberta, observando o reino quieto depois daquela bagunça dias atrás.
        Rosemary tirara de mim a vingança contra o rei Arthur, mas nenhuma menininha me impediria de conquistar o que eu queria, ainda mais quando um ser de outro mundo lança cobranças o tempo todo. Toquei abaixo do meu olho direito, a marca do pacto.
       O olho que me permitia conversar e ver o ser que me salvara da morte, e agora, zombava de mim ao saber que eu havia perdido um território inteiro para uma garota, uma simples garota.
       — Senhor? — disse uma voz feminina atrás de mim.
       — O que você quer, Ameerah.
       — Ouvi algumas coisas daquele mensageiro... estou preocupada com meu filho — disse ela. Me virei para fitar seu rosto.
       — Seu filho está morto — falei com clareza —, Rosemary o matou.
       Surpresa tomou seu rosto, lágrimas brotaram em seus olhos e começaram a escorrer sem parar. Eu não via a morte do menino como uma desgraça, mas algo para dar mais motivação aos Rosário no plano de acabar com a maldita Rigdor.
       Deixei Ameerah com seu sofrimento e subi para o andar de cima, caminhei até o quarto mais vigiado do meu castelo e abri a porta. Hadrian olhou para mim irritado, de alguma forma ele sabia o que aconteceu, provavelmente por sua esposa.
       — O que você fez! Você matou meu filho! — gritou Hadrian.
       Fechei a porta atrás de mim e encarei o Rosário.
       — Não o matei, foi Rosemary.
       — Ele estava lá por sua culpa! Você plantou coisas na cabeça dele e agora está morto!
       — Seu filho morreu pela causa, Hadrian.
       — Hora seu!
       Hadrian avançou contra mim, mas sem esforço eu o parei segurando seu pescoço, em seguida o joguei contra a mesinha no canto da parede como se ele fosse papel.
       — Hadrian, você está sem poder nenhum, não se esqueça disso — caminhei até ele e agachei perto dele —, cuidado com esse seu temperamento, posso tornar sua esposa viúva também, imagine que triste, sem filho e sem marido.
       — Você matou meu filho, e um dia vai pagar por isso!
       — É tão fofo quando você me ameaça assim, eu só não te mostro uma boa lição, porque tenho muita coisa para resolver, uma delas é garantir que você continue me obedecendo.
       Mostrei uma mecha de cabelo de uma menininha para ele. Sua filha mais nova que até então estava desaparecida, entretanto, Hadrian acreditava que eu estava com ela. Eu tinha que encontrá-la, a garota nascera com muito poder.
       Chegava a ser irônico uma Rosário nascer clarividente, se eu a tiver, será fácil encontrar os artefatos sagrados para cumprir com minha promessa. Hadrian olhou o cabelo e bufou de irritação.
        — Não ouse! — reclamou ele.
        — Continue fazendo as coisas que mando e aí terá ela de volta.
       Hadrian olhou para o cabelo e depois assentiu lentamente, era ótimo ter uma grande referência da estratégia em minhas mãos, um Rosário puro. Dei tapinhas em sua cabeça e caminhei na direção da porta.
       — Comece a trabalhar melhor, suas estratégias contra Rubria não estão dando certo, aquele maldito continua impedindo meus homens de adentrar aquele deserto.
        — Silrur não controla as criaturas daquele deserto, elas protegem o território por conta própria — rebateu Hadrian.
        — Então descubra uma maneira de dar um fim naquelas coisas — abri a porta —, e faça logo, nossos inimigos estão começando a dar trabalho.
        Saí do quarto e fui para meu escritório, sentei na cadeira e suspirei. Perdi a paciência e quebrei a mesa ao meio, eu odiava perder. Uma forma humanoide surgiu na porta, seu rosto estava coberto por um capuz escuro.
       — Me parece que você está cada vez mais com a corda no pescoço — disse a criatura com sua voz áspera —, sua alma em breve será minha Victor, logo, logo.
        — Está tudo sob controle... — ele negou —, estou no controle sim, Rosemary é apenas uma erva daninha que eu vou dar fim.
       A criatura deu risada, e eu sabia que era coisa da minha cabeça, ou não, nunca sabia se aquilo que eu via realmente existia. Olhei para a marca em meu pulso, lembrança do dia em que tive que beber meu próprio sangue para sobreviver.
        Mordi a marca até sentir o gosto do meu sangue em minha boca, engoli uma grande quantidade e olhei para o teto, abri um sorriso satisfeito e comecei a gargalhar, Rosemary havia me vencido e isso era muito surpreendentemente.
        — Ah... Rose... você me diverte — murmurei.
        Continuei gargalhando até perder o fôlego.
      

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