20- O Inimigo vem ao nosso encontro!

Notas Iniciais:


Holaaa 😁😁😁

E então, como estão???
Ansiosos pelo capítulo? 😏😏

Então sem mais delongas aproveitem BASTANTE, desculpem os erros ortográficos, boa leitura e até as Notas Finais 😉😉💖💖


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 (P.O.V Tainara)


  Lá estava o rio novamente, se estendendo a minha frente e por trás, fazendo com que minha única alternativa fosse permanecer na cadeira; as correntes vieram logo depois; me recordava do desespero, do medo e da angústia, mas tentava me controlar....


Isso é só um sonho...


  A cadeira começou seu trajeto para baixo, senti o pânico querendo tomar conta enquanto o toque gelado da água tornava as coisas mais reais.


Eu não estou mais lá.


HAHAHAHA, pelo contrário minha jovem, você não poderia estar mais presente aqui, afinal de contas esse é o lugar de traidores e monstros!


  O fogo apareceu sob o rio, a queimação não demorou muito; sentia todo o meu corpo tremer e bolhas estourarem conforme o fogo se alastrava e tirava minha vida...


Isso não é real... Isso...


  Você está sozinha! Seus pais mentiram pra você, sua mãe te desertou, sua irmã te abandonou e seus amigos te traíram!


Não...


As coisas estão prestes a ficarem muito piores!


É real!




-TAINARA!


Acordei em um salto olhando de um lado para o outro.


-Ei calma. Foi só um sonho...


Ela estava sentada na ponta da cama de frente comigo, sua aparência não era de quem ficou quase em coma, esfreguei os olhos confusa.


-Thalia? O que...


-A cura funcionou, todos acordamos hoje de manhã com as nossas forças renovadas. -A garota sorriu como que para mostrar que falava a verdade. -Ja agradeci a maioria, mas como vocês não apareceram para o café resolvi vim ver se estava tudo bem...


  Passei a mão no cabelo bagunçado. -Perdi o café? Que horas são?


-Ainda não perdeu, mas é melhor se apressar...


  Pulei da cama indo direto para o banheiro, gritei de lá sabendo que ela ainda estava no quarto.


-Julio também não apareceu? -Comecei a escovar os dentes.


-Não! Mas tinha dado uma passada no escritório de Quiron e depois saiu pela manhã para se comunicar com Reyna.


  Ri enquanto lavava o rosto, peguei uma toalha e abri a porta vendo que a garota se ocupava com meu arco.


-Esse acabamento é... perfeito!


  Ela olhava fascinada para os detalhes da madeira até passar o dedo por uma escritura em grego, isso a fez parar por alguns instantes.


-Edvine me deu em Paris e... bom... ele achou que estava meio sem graça...


Um meio sorriso brotou em seus lábios. –É bem a cara dele mesmo...


  Podia ver a dor em meio a essas palavras, conhecia Luke a quase dois anos e já sofrera com tudo o que aconteceu, mas Thalia e Annabeth tinham uma história muito mais longa com um final quase parecido com o que tiveram naquela noite...


  Thalia pareceu se recompor e me olhou com os olhos eletrizantes. -Você deve estar morrendo de fome, é melhor irmos antes que a concha soe.


  Concordei deixando que a garota saísse primeiro, enquanto andávamos pude ver o movimento ao redor com campistas indo e vindo.


-Quando te encontrei você parecia um pouco... abalada... –Thalia começou. –E tenho quase certeza de que não era apenas pela... situação...


  Sorri sem graça passando a mão no meu cabelo, ele estava um pouco abaixo do ombro agora, igual ao da ex-caçadora. –Meus sonhos estão ficando um pouco mais realistas do que o normal...


-Lembro que a última vez em que conseguimos conversar de verdade você e Connor estavam trabalhando para fazê-la perder o receio de entrar em rios... como estão indo?


-Nada bem! –Ri o que a levou a fazer o mesmo; caminhei em silêncio por alguns segundos, aproveitando a brisa fresca da manhã. –Sinto que algo muito ruim está prestes a acontecer e...


-Acha que pode ter a ver com a sua punição...


Baixei a cabeça vendo o quão tosco isso parecia quando dito em voz alta. –É loucura eu sei...


-Na verdade não. –A olhei espantada, mas seu olhar estava perdido no caminho. –As coisas estão piorando cada vez mais e todos sabemos que tem algo muito maior envolvido em tudo isso, aquela voz que fala com a gente... Luke me disse uma vez que era o mesmo som que ele escutava nos Campos de Punição, e pela reação de vocês quando a escutaram na missão em Nova Orleans... bem... não podemos ignorar esse fato.


-Mas também não sei no que isso pode nos ajudar!


Estávamos a alguns metros do refeitório, Thalia parou e fiz o mesmo, então ela levou a mão a meu ombro como forma de conforto.


-Nenhuma informação é demais, e vamos descobrir como utilizá-la a nosso favor, eles já tentaram de tudo e ainda não conseguiram nos derrubar, e temos os melhores campistas do nosso lado então não há o que temer.


Ela piscou confiante e concordei. –Você está certa, eles não vão nos derrubar tão fácil assim.


-Pode apostar que não. –Thalia sorriu e voltou a andar.


  Aproveitei a oportunidade. –Antes mesmo de te conhecer eu já sabia o quão determinada e corajosa você era só pelo o que Luke falava, e quanto mais eu te conheço mais vejo que ele não exagerou em nada.


  Thalia corou violentamente o que deixou claro que meu irmão ainda a afetava.


-Ele... está...


-Não tenho certeza... graças a Percy pudemos vê-lo ontem antes de ser mandado sob confinamento para seu chalé enquanto se recupera dos ferimentos da briga, mas a situação dele não é uma das melhores no momento...-Respirei fundo para afastar as imagens do dia anterior.


  Thalia concordou levemente, era possível ver a briga que travava dentro de si mesma entre acreditar nas provas ou em seu namorado; então depois de alguns segundos olhado para o nada ela sorriu e voltou a andar.


-Luke fala de vocês sempre que tem a oportunidade, não só das aventuras que tiveram juntos como também de como confia nos dois para absolutamente tudo e eu vejo como vocês três interagem, são uma verdadeira família que jamais de separam nem desistem.


  Sorri com o comentário. -Eles são como irmãos pra mim, eu os amo de verdade e ser incluída na antiga família de Luke é algo com que nunca sonhara...


  Ela ficou em silêncio com um sorriso bobo nos lábios, sabia que pesava cada palavra que eu falava, a menção de que o semideus ainda as considerava da família mesmo depois de nos conhecermos foi algo a mais que esperava ajudar em seu julgamento, não que estivesse mentindo em qualquer coisa que dissera.


  Thalia parou novamente pouco antes de irmos para um espaço mais aberto.


-Sei que vocês fariam qualquer coisa por ele, mas preciso que me escute com atenção. -Seu rosto assumira uma expressão séria e ela praticamente cochichava. -Agora que os doentes não são mais um problema tão grave, principalmente porque Julio deu a ideia de espalhar o antídoto pelo ar para que todos fiquem imunes, os campistas querem respostas, Quiron e Annabeth estão tentando acalmar as coisas, mas Sherman e alguns outros insistem em apressá-los para tomar uma decisão... justa a situação...


Arregalei os olhos. -Querem se livrar dele...


  Ela concordou levemente com a cabeça. -Conseguimos adiar para amanhã de manhã, mas estamos de mãos atadas quanto ao resto, já que alguns campistas andam nos observando de longe. -Custei a não olhar para os lados. -Como são irmãos dele ninguém pode impedi-los de ir em busca de... provas e o fato de estarmos nos recuperando de uma doença gravíssima pode nos deixar um pouco... lerdos...


-Quer dizer que...


  Thalia levantou as mãos para o alto como se não pudesse fazer nada. -Sinto muito, mas o que é justo é justo e não posso abrir exceções para ninguém principalmente para ele.


  Franzi a sobrancelha, mas então percebi que alguns campistas passavam por lá, afinal de contas estávamos em uma área pública.


-Entendi!


  Ela piscou discretamente e depois começou a se afastar voltando para a área dos chalés. A observei ainda meio confusa com a conversa que tivemos, mas determinada a fazer exatamente o que pediam.








  Não encontrei mais Thalia pelo resto do dia, assim como Percy, Annabeth, Will, Nico, Leo, Calipso, Hazel, Frank e Jason; todos eles pareciam simplesmente terem sumido do acampamento; mas não tive nem mesmo tempo de me questionar quanto a isso, estava a procura de outra pessoa.


-Júlio!


  O encontrei no estábulo, ele estava um pouco sujo e arrancara a camisa, pude ver que algumas meninas passavam por lá a todo o momento, sempre com algo para fazer, mas ele parecia concentrado demais limpando todo o local.


-Hey. –Ele limpou o suor e colocou a pá ao lado de uma das portas enquanto vinha até mim.


  Cruzei os braços fazendo cara de nojo. –Nem pense em se aproximar mais! Você está fedendo.


  Ele fingiu ficar ofendido. –O que? Mas acabei de passar o meu melhor perfume!


-Recomendo que o descarte de sua lista imediatamente.


  Júlio sorriu com o canto dos lábios. –Tem gente que gosta...


  Revirei os olhos tentando esconder o riso. –E tenho certeza que sua namorada vai adorar saber que você anda desfilando sem camisa para as meninas.


  Ele levantou as mãos para o alto. –Eu não estou fazendo nada, vim para os estábulos na esperança de manter os outros afastados depois de um pequeno... incidente com as minhas roupas.... Mas elas insistem em brotar do chão! –O garoto apontou para a porta como se estivesse realmente indignado. –Pelo menos consegui fazê-las manter um pouco de distância, menos aquela tal de Tanaka, ela de todas é a mais persistente, ao que parece as filhas de Afrodite gostam de caras sarados e suados... –Um sorriso de escárnio brotou em seus lábios.


Dessa vez não pude segurar o riso, então o empurrei com as mãos. –Você não presta!


  Ele também riu então deu de ombros pegando a camiseta que estava no chão. –Posso até não prestar para muitas coisas, mas sabe que evito provocar a ira da minha adorável namorada. –Fui obrigada a concordar. –E estou falando a verdade.


  Júlio segurou as duas mangas da roupa e arregalei os olhos ao ver os enormes buracos chamuscados por toda parte.


-Como realizou essa proeza?


-Pequeno acidente na montanha de escalada.


  O olhei ainda surpresa. –Mas você já escalou aquilo milhares de vezes...


  Outro dar de ombros. –Sei disso, mas alguns dos outros campistas estavam com muita vontade de me ver falhar...


-Deixa eu adivinhar... Jason estava entre eles?


-Pelo incrível que pareça foi ele quem mandou Sherman, Natália e alguns outros pararem e respeitarem as regras...


  Franzi a sobrancelha. –De novo essa Natália né... e essas mudanças repentinas dele são piores que quando só agia de forma suspeita.


-Ela está apenas se entregando mais e quanto a Jason, talvez depois de quase perder a irmã finalmente caiu na real...


-De qualquer forma eles são irrelevantes agora, precisamos encontrar Luke urgente.


-Ele está sendo vigiado em todo o lugar que vai, mas porquê...


  Agarrei sua mão o puxando para fora. –Explico no caminho, agora vamos!


-Você é quem manda.


-E é melhor invocar uma burca para você porque não estou afim de fazer ninguém comer flores hoje!










-O que estão fazendo aqui? E porque Júlio está usando uma burca?


-Longa história que não temos tempo de explicar agora. –Falei me sentando de frente para ele e Butch, seu guarda costa daquela tarde. –Temos que te contar uma coisa...


-Eu já sei!


  Olhei para o outro que fazia o mesmo por cima do pano preto, então nos voltamos para Luke, ele parecia muito melhor do que ontem, com a maior parte dos ferimentos enfaixados, mas o olho roxo ainda estava muito inchado.


-O que quer dizer com isso? –Sua voz estava abafada pela roupa, mas era possível detectar a pequena raiva nela.


-Eles me liberaram essa manhã para que pudesse voltar a circular pelo acampamento, mas meu novo vigilante aqui. –Ele apontou para o grandão com tatuagem de arco íris que permanecia de braços cruzados nos encarando. –Não apenas impede que eu faça qualquer coisa... suspeita, como também mantem longe aqueles que querem minha cabeça...


-Não entendo o que isso tem a ver com o que viemos...


-Os mantem longe, mas não suas ameaças.


Passei a mão no cabelo. –E está bem quanto a isso?


  Luke deu de ombros, mas antes que tivesse a chance de responder as coisas ao nosso redor começaram a girar de forma lenta, o tempo parecendo parar por alguns segundos; ele franziu a testa e me encarou sem entender, mas então uma névoa cobriu a nós três nos mandando direto para o meu chalé.


-Que massa! –Sua voz estava abafada pela roupa, mas agora era muito mais nítida. –Então é isso que é a bolha temporal?


-Connor? –Luke olhou para o garoto incrédulo.


  Ele tirou o pano da cabeça revelando um cabelo castanho encaracolado bagunçado, e olhos azuis que brilharam travessos.


-Eai Luke, vim ajuda-los.


  Revirei os olhos e o censurei de brincadeira. -Na verdade você nos interceptou antes de sairmos dos estábulos e não tivemos muita escolha.


-Ah, mas vocês me aceitaram de primeira...


  Estava prestes a responder, mas então Luke levantou as mãos para o alto chamando a nossa atenção.


-Esperem um minutinho aí. –Suas sobrancelhas estavam franzidas. –Onde está Júlio?


-Como estão te vigiando a todo o momento você não podia simplesmente começar a agir de forma robótica de repente, então Júlio teve que estudar suas ações quando contássemos a notícia para que nossa cópia não levantasse suspeitas de ninguém, porém ele resolveu ficar por lá para o caso de acontecer algum imprevisto, sem contar que precisou tomar um banho antes...


-Quanto tempo temos?


-No máximo cinco minutos, levando em conta que não deixam você ficar o tempo integral do almoço.


Ele balançou a cabeça. –Tenho uma refeição por dia e as ninfas preparam "especialmente" para mim.


Ri com a sua expressão de nojo. –Aquilo tem a mesma aparência de Sururu, mas duvido que seja tão bom.


-Preferia mil vezes aquele prato indígena do que o outro...


  Ri com a sua careta. –Tenho certeza que sim, mas agora preciso que me escute. –O olhei séria. –Não me importa se já está conformado com o seu destino, eu e Júlio faremos de tudo para provar a sua inocência...


-Hãa... minha rosa? Não se esqueça de mim, estou nessa até o fim! –Connor falou em tom doce, porém firme, corei com o comentário.


Luke o fulminou com o olhar. –Não a chame de rosa, não tem nem sentido chama-la dessa forma.


-Vamos continuar com o plano, mas não iremos desistir, só que preciso que confiem em nós.


-Eu sempre confiarei em vocês!


  Ele falou sem hesitar me olhando de forma sincera com um sorriso fraternal; senti meu coração aquiescer.


  Então olhou de esguelha para o garoto ao meu lado. –E em Connor também... um pouco...


  Ele abriu um enorme sorriso. –Poxa cara. Valeu mesmo... sabe, depois de Travis você sempre foi o meu irmão preferido.


  Luke revirou os olhos. –Ah claro, tenho certeza que me amava quando tentei destruir o mundo não é mesmo?


  Connor balançou a mão como se fosse irrelevante. –Isso foi em outra vida, não precisamos ressuscitar o passado também.


  Não pude deixar de rir e vi que até Luke deu um sorriso de lado.


-Certo, nosso tempo está acabando. –Voltei ao foco. –Connor você trouxe?


  Ele sorriu. –Mas é claro minha....


  O garoto se interrompeu indo até a cama e se abaixando para pegar a próxima parte do plano.


-Quando foi que ele entrou em seu quarto para esconder isso? –Podia sentir leve tom de raiva na voz, mas ignorei focando no videoescudo.


-Logo depois de descobrir o que fariam com você e da ajuda dele ser aceita.


-E Júlio concordou com tudo de primeira?


  Agora parecia um pouco incrédulo, e sorri com o canto dos lábios enquanto via Connor pedir que o refeitório aparecesse.


-Ele na verdade quase mandou Connor para o mesmo lugar onde queria enviar Sherman. –Luke riu. –Mas então consegui convencê-lo de que poderia ser muito útil...


Ele bufou. –Júlio já foi mais resistente.


  Lhe dei uma cotovelada, mas antes que pudesse responder a imagem da mesa onde nossas cópias conversavam com Butch parecendo concentrado em seu almoço, mas colado em Luke, apareceu.


-Eu nunca me acostumo com essas artes manhas de Júlio.


  Encarei a mim mesma articulando para os outros. –Também não...


-Quando quiser minha linda. –Connor piscou me fazendo corar de novo.


  Luke bufou novamente. –Cara. Você definitivamente não está me ajudando a gostar mais da sua presença aqui!


  Connor limpou a garganta e murmurou um pedido de desculpa, revirei os olhos e me concentrei em um canto atrás da nossa mesa, fazendo com que um pequeno broto aparecesse; o sinal para Júlio nos mandar de volta.


  Olhei para Luke novamente e lhe dei um abraço apertado do qual ele retribuiu imediatamente, então o encarei com uma expressão séria e lhe disse mais algumas palavras antes que o tempo oscilasse novamente. Um segundo depois estávamos de volta à mesa com as lembranças da minha cópia sendo passadas para mim.


-Acabou o almoço. –Butch retirou o prato mal tocado de Luke e se levantou.


  O acompanhei, mas mantinha a expressão de raiva. –Então é assim mesmo que quer viver o último dia da sua vida? Desistindo?


  Luke suspirou passando a mão no cabelo. –Escute Tainara, já lhes dei todo o tipo de argumento possível, se vocês realmente se importam comigo então irão aceitar a minha decisão.


  Fiz a minha maior cara de fúria e frustração enquanto o encarava fixamente. –Se desistiu de si mesmo, então estamos de mão atadas. Vamos Júlio!


  Sai do local com Connor na minha cola, ele esperou até que saíssemos da vista de todos então segurou minha mão.


-Nós mandamos muito bem!


  Continuei caminhando, mas esbocei um pequeno sorriso e apertei de leve a sua mão. –Acho que conseguimos enganá-los...


  Connor me parou, então foi se aproximando até que eu batesse com as costas na arvore, ele puxou o pano para trás deixando seu rosto exposto, porém escondido pelo tecido do lado.


-O que...


  Ele não deixou que eu terminasse, simplesmente puxou meu rosto até selar os nossos lábios em um beijo ardente e muito demorado. Meu coração parecia prestes a saltar pela boca, e ignorei o perigo que poderíamos estar correndo com aquele ato, apesar de estarmos em uma parte um tanto quanto escondida do acampamento...


  Connor se separou para me encarar por um instante, era a primeira vez que ele me beijava dessa forma e vi que seus olhos brilhavam em expectativa, esperando ver qual seria a minha reação, não faria mais nada até que eu permitisse; adorava o modo como ele, apesar de tudo, me compreendia, mas meus lábios ansiavam por seu toque novamente e havia cansado de ir com calma, então segurei seu rosto com as duas mãos e o puxei selando nossas bocas por mais um longo tempo.


  Quando nos separamos, seus olhos brilhantes estavam fixos nos meus e soltei um suspiro muito mais alto do que gostaria.


  Tentei recobrar a consciência e usei um pouco daquela energia para cobrir seu rosto e empurrá-lo delicadamente.


-Por isso não era bom que nos ajudasse. -Falei o mais baixo possível voltando a andar.


  Ele soltou uma risada abafada. -Não sei quando terei a chance de ficar a sós com você novamente e também não posso beijá-la na frente dele...


  Estava prestes a discordar, mas então as lembranças daquele sonho brilharam nítidas em minha mente.


  As coisas estão prestes a ficarem muito piores!


  Me limitei a seguir em frente, infelizmente sentia que essa ameaça estava cada vez mais próxima e tínhamos problemas demais para resolver, um, o mais importante, nos restava menos de 24 horas para solucioná-lo...


  Então por mais que detestasse concordar, Connor estava certo, o que nos restava era continuar a seguir as pistas e informações que tínhamos e torcer para que levassem a algum lugar....


***


(P.O.V Percy)


  Fiquei ali, parado. Ainda não conseguia acreditar na cena que vira.


  Os estava seguindo desde ontem quando deixei que visitassem Luke, e foi graças a conversa deles no porão que resolvi procurar por mais provas antes de dar o meu voto...


  De início, apenas Annabeth, Thalia e Quiron sabiam do plano, mas não demorou muito para Hazel e os outros virem nos procurar com ideias, e é claro que aceitamos, afinal de contas são nossos amigos, apesar das pequenas traições recentes eu confiava neles, mas acabou que nem todos apareceram...


  De qualquer forma aceitei de bom grado a parte mais "difícil", que era segui-los sem ser notado, já que eles acabaram de se recuperar de uma doença e apesar de ter saído de um coma, só tinha uma forte enxaqueca quando forçava muito minhas lembranças para tentar encontrar o responsável por aquela voz ou o dono daquele rosto... e é claro que estava a muito tempo apenas como coadjuvante do coadjuvante...


  De qualquer forma eles não ficaram na inativa, Annabeth fez com que Christopher trocasse de turno com Butch que era muito mais maleável e permitiria que eles conversassem; assim como Thalia fez sua parte em conversar com Tainara, não que tudo fizesse parte do plano, realmente nos preocupávamos em saber como eles estavam, mas qualquer um que não fosse Thalia ou Annabeth poderia levantar suspeitas, e é claro que a ex-caçadora pediu para ir; mas a conversa ocorreu exatamente como esperávamos, e continuei os seguindo, apesar de não ter conseguido entrar no estábulo graças ao incrível "sensor" dos pégasos quanto a coisas invisíveis...


  Mas de todas as ações estranhas deles durante todo o dia, inclusive o pequeno broto que surgiu aos pés da mesa durante a conversa deles, aquela cena em meio às árvores foi a mais bizarra... quer dizer, Júlio vivia correndo atrás de Reyna e até antes de eu entrar em coma sabia que Tainara começara a aceitar a aproximação de Connor... então porque o soldado e a indígena haviam se beijado bem diante dos meus olhos???


  Claro, que não sabiam que eu os estava observando, e minha surpresa foi tão grande que tudo que consegui captar foi a última frase de Júlio... eles estavam em um relacionamento em segredo, mas porquê?


-Percy! Isso não importa agora, vamos perde-los de vista...


  A voz de Annabeth no pequeno aparelho em meu ouvido (engenhocas de Leo) me fizeram voltar ao foco do plano.


  Ajeitei o boné em minha cabeça por precaução e comecei a andar a passos lentos fazendo o mínimo barulho possível, ela tinha razão, a vida amorosa deles não era problema meu, mas a felicidade de Reyna e Connor eram, então esperava que tivessem uma explicação milagrosa para aquilo...


  A concha do almoço soara e meu estômago roncou mais uma vez, não comia desde o café, mas cada minuto importava e precisava saber para onde tinham ido.


"Perdemos eles..."


  Grover bramiu na minha cabeça, a conexão empática era muito boa em vários aspectos, com exceção de quando um de nós estava em coma claro... mas ainda não me acostumara com o modo como ela progredia cada vez mais a ponto de nos comunicarmos por pensamentos as vezes.


  Continuei rodando o local, imaginava que iriam se reencontrar com Connor, já que o vira entrando nos estábulos e saindo com eles depois, sem contar que a frase de Júlio deixava claro que ele não poderia... ficar com Tainara com o garoto por perto...


  Voltei ao foco novamente, precisava encontrá-los, não poderia perder mais nenhum detalhe!


  Os encontrei no momento em que saiam do chalé 23, os três trocaram um olhar e então cada um foi para um lado.


-E agora qual deles?


  Mexi os lábios o mais silenciosamente possível os observando se afastar, assim como a minha chance...


  Julio começara a ficar invisível, entrei em modo automático, abri o cinto de ferramentas de Leo e tirei de lá um estilingue e um pequeno aparelho que tinha o tamanho exato de uma pedra, mas a leveza de uma pena.


  Mirei com cuidado, respirei fundo e um segundo depois o pequeno objeto se fixara em Júlio no exato momento em que o garoto desaparecia completamente.


-Acertou na mosca cara, mas você sabe que esse negócio foi feito sem usar a tecnologia dos mortais, então não podemos nos afastar mais de dez metros do alvo se não o perdemos...


Olhei para a figura de Tainara que também se afastava cada vez mais.


-Hazel? Acha que consegue segui-lo?


-Preciso do controle para acompanhá-lo...


  Praguejei já começando a ir atrás de Julio, mas então a voz de Calipso me fez parar.


-Percy, faremos um controle para ela imediatamente.


-Certo!










  Os três ficaram separados pelo resto da tarde; ainda não sabia o motivo de Júlio ter ficado invisível, mas segundo algumas atualizações de Hazel, ele fazia basicamente o mesmo que a gente, porém com outros semideuses, só que com grupos de campistas...


  Frank seguia Connor, mas como estava transformado em abelha não teríamos nenhuma notícia até que nos encontrássemos em meu chalé de novo.


  Já Tainara passou o tempo todo no hospital estudando os componentes que eles usaram para a cura e ajudando a colocar em pratica a ideia do ex-soldado de disseminar o antidoto no ar; é claro que via que a garota aproveitava também para analisar o liquido de um outro frasco que ela levara consigo, mas ninguém parecia notar e não tinha ideia do que havia naquele negócio.


  Tudo o que fazia era observar e esperar... e aquilo estava me matando!


  Não podia intervir até termos provas exatas do que eles pretendiam fazer; Tainara questionou sobre a ausência de Will, mas Edvine avisou que o garoto pôde tirar um dia de folga devido a situação de ontem.


  Pouco antes do jantar, Júlio se juntou aos médicos para fazer o feitiço e foi recomendado que todos os campistas ficassem ao ar livre só por garantia.


  Não demorou muito para Connor também se juntar aos dois, a concha soou logo em seguida e os três sentaram na mesa 23; já imaginávamos que eles fariam isso e Will colocara uma pequena "escuta" (encantada por Calipso para não chamar a atenção de monstros) na mesa deles.


  Como era "alterada" só conseguiríamos escutar a uma curta distância também, então Grover foi comer com seus colegas de chalé para que ficasse como vigia; aproveitei a folga para voltar ao meu quarto onde os outros estavam.


-Finalmente você chegou! Estava ficando preocupada.


  Sorri abertamente enquanto passava a mão no cabelo. –Fico muito feliz com a sua reação, mas acabamos de conversar pelo microfone e...


  Annabeth fez careta e tomou o boné da minha mão. –Eu estava preocupada com você usando o dia inteiro meu boné! Vou ter que lavar por uma semana seguida para poder usar de novo. –Um pequeno sorriso brotou em seus lábios que ela disfarçou com outra careta.


  Fiz cara de ofendido. –Ah está com nojo do meu cheiro é? Mas ando sempre tão cheirosinho... coloquei até uma colônia especial só para você...


  A agarrei em um abraço de urso a fazendo soltar um pequeno grito, então comecei a beijar todo o seu rosto.


-Argh! Se forem continuar com essa melação avisem para sairmos daqui.


  Leo me fez lembrar da presença dos outros, a coloquei no chão novamente e os cumprimentei, estavam todos espalhados entre a minha cama, a de Tyson, o chão e em algumas cadeiras; meu chalé nunca parecera tão pequeno.


  Hazel e Frank já haviam chegado e estavam apenas me esperando para que contassem o que sabiam.


-Júlio ficou seguindo alguns grupos de campistas durante todo o dia.


-Quem eram? –Annabeth perguntou.


-Natália, Sherman, Christopher, Sinara, Douglas, Drew...


-Drew Tanaka? –Calipso questionou e Hazel concordou.


-E o menino Douglas? –Foi Leo quem perguntou.


  Ela deu de ombros. –Talvez seja por ele ter encontrado o frasco nas coisas de Luke...


-Quem mais? –Nico se manifestou.


-Julia Feingold...


-Irmã de Luke? –Will franziu a testa e Hazel se limitou a concordar.


-Ah e Travis, Katie e Kenedy também...


-A do chalé de Iris? –Leo perguntou de novo.


-Sim, mas como disse ele estava seguindo vários grupos enquanto os semideuses faziam suas tarefas... –Ela fez uma pausa e nos encarou um pouco mais séria. –Mas geralmente Júlio sempre focava em alguns como o filho de Ares, as filhas de Atena e Nemesis e... Jason...


  Olhei para Thalia que permanecera em silêncio durante todo o tempo, mesmo após aquela informação, ela parecia não estar totalmente presente...


-Você falou que ele os seguiu durante o dia inteiro, mas esses quatro não andavam sempre juntos... em quem ele focava quando isso acontecia?


-Nathalia!


Annabeth franziu a testa. –Porque ela...


-Não sei, mas toda a vez em que iam fazer atividades diferentes ele sempre optava pela garota, uma única vez seguiu Sherman, mas o garoto tinha ido se encontrar com alguns irmãos dele para atormentar Luke, o que não aconteceu graças a Butch.


-E com exceção disso ele só seguiu a Natália? –A loira questionou.


  Hazel pensou mais antes de responder. –Bom sim, mas ela quase sempre estava com um ou outro dos quatro em que ele focou...


  Ficamos em silêncio por alguns instantes, era óbvio que eles suspeitavam do espião ser um deles, mas se Natália aparentemente é sua principal suspeita, então por que...


Os encarei. –Eles sabem que pode haver mais de um espião...


-E acham que são esses quatro! –Thalia concluiu.


  O silêncio reinou novamente, sabíamos que poderia haver muitos espiões, e com tantos semideuses chegando nesses últimos messes era difícil saber o nome de cada um, mas todos os campistas que apareciam passavam pelo mesmo procedimento que Júlio, Tainara e Luke disfarçado de Tobias passaram, mas o feiticeiro conseguiu...


-Logo que chegaram, eles usaram um tipo de feitiço para se camuflarem quando queriam conversar... –Annabeth parecia na mesma linha de raciocínio que eu e concordei.


-Luke contou uma vez que Júlio chama isso de bolha temporal. –Thalia falou.


-Eles podem estar usando isso de novo... mas Tainara não pareceu ficar com movimentos robóticos enquanto a observava como aconteceu da primeira vez que fizemos isso...


-Nem Connor. –Frank falou. –Na verdade ele seguiu exatamente com a rotina dele e a única vez em que se encontrou com um dos dois nesse meio tempo foi quando se juntou com Travis e Katie para ajuda-los nos campos de café e Nathalia e Jason estavam com eles...


-Sim, Júlio seguiu os dois até os campos, e depois que eles saíram de perto ainda ficou mais um tempinho lá, mas acho que quando percebeu que eles não estavam fazendo nada de suspeito acabou por voltar a ir atrás de Nathalia e Jason.


  Minha cabeça estava a mil naquele momento, eram informações demais que abriam inúmeras possibilidades, era óbvio que procuravam por um jeito de inocentar Luke, mas o modo como estavam agindo e as pessoas de quem desconfiavam deixava as coisas confusas, havia reparado no porão que enquanto conversavam mexiam as mãos de forma exagerada, mas levei em conta que os três estavam nervosos e irritados, porém, analisando tudo...


  Um trovão ressoou do lado de fora, suspirei cansado.


"Mais essa agora..."


  Grover apareceu na porta. –O jantar acabou e não falaram de nada suspeito, agora cada um foi para o seu chalé.


-Eles provavelmente irão esperar até o horário de recolher para continuar. –Fui até meu armário e peguei uma muda de roupa limpa. –Vocês já viram tudo que Tainara fez pelo videoescudo, vou aproveitar esse tempo para tomar um banho, mas qualquer coisa deem um berro.


-Faça esse favor para todos nós. -Leo caçoou e os outros riram, o fulminei com o olhar e ataquei o cinto nele. –Nossa, para que ser tão agressivo? E ainda com meu próprio cinto!!!


  O ignorei. –Já que ficou aí o dia inteiro vá fazer alguns tacos para a gente porque estou morrendo de fome.


-Hoje é meu dia de folga cara!


  Revirei os olhos e entrei no banheiro; esvaziei a mente deixando que a água me revigorasse, pois tinha certeza que a noite seria muito mais longa do que eu esperava...


  Assim que sai me deparei com todos reunidos em uma roda no chão com tacos em pratos, meu estomago roncou e sorri com escárnio para Leo, mas ele levantou a mão.


-Nem ouse dizer uma única palavra, só sente com esse traseiro gordo e desfrute da minha bondade.


  Fiz o que ele falou pegando o lugar entre Annabeth e Grover, enquanto comíamos eles falaram algumas das conclusões que chegaram e decidimos o que faríamos a seguir.


  Dez minutos depois do toque de recolher eu estava do lado de fora com o boné novamente seguindo Connor até o chalé 23 onde Júlio já chegara, imaginei que o garoto teria se tele transportado ou ficado invisível; o céu estava sem estrelas e assim que entrei no quarto de Tainara ouvi o soldado dizer que talvez a barreira não impedisse a chuva de entrar dessa vez.


Será que dá tempo de eu voltar em meu chalé para pegar um guarda-chuva...


-Não podemos perder mais tempo! –Júlio falou e revirei os olhos. –Irei primeiro e depois os chamo caso esteja tudo ok.


  Os outros dois concordaram, ainda não conseguia tirar a imagem deles na floresta, mas tentava focar no plano.


  O garoto começou a ficar invisível e me agilizei em disparar outro daquele rastreador nele, já que Leo o programara para durar apenas algumas horas, sem contar que ele trocara de roupa.


  Observei Tainara e Connor, ambos tensos e em silêncio; a garota segurou a mão dele que retribuiu com um aperto.


-Ele entrou no chalé de Jason!


  Nico falou pelo aparelho em meu ouvido; franzi a sobrancelha, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, a garota recebeu um toque de seu alque-toque.


-Barra limpa! Cambio.


-Certo, estamos prontos. Cambio. -Os dois se levantaram.


-Jason está indo para o chalé dele e... parece muito... feliz. –Frank falou.


-Hazel! Preciso que venha até aqui. Agora!


  Falei o mais baixo que pude enquanto via Tainara e Connor desaparecerem do chalé 23 e sendo transportados ao 1. Tirei o boné e um minuto depois Hazel apareceu com uma expressão assustada.


-Percy o que...


-Temos que alcançá-los, mas vai demorar demais se eu for correndo.


  Ela imediatamente compreendeu, então segurou minha mão e uma espessa neblina negra apareceu nos cobrindo por completo.


  Nunca me acostumava com a sensação de viajar pelas sombras, mas daquela vez mal tive tempo de nota-la. Aparecemos atrás da grande estatua de Zeus (que até hoje Thalia não conseguia tirá-la de lá) ao lado de Nico e Thalia que pareciam concentrados demais na cena.


-O que aconteceu? –Cochichei os fazendo notar nossa presença.


-Eles ainda não sabem que Jason está vindo, mas parecem saber exatamente onde e o que estão procurando... –Foi Nico quem respondeu


-E o que é? –Os dois me olharam por cima do ombro e só então notei como fora idiota a pergunta. –Tenho certeza de que vamos descobrir.


-O que estão fazendo aqui?


  Jason apareceu com uma expressão de ódio no mesmo instante em que Júlio erguia um fardo de latinhas com uma a menos, todas tinham uma coloração muito estranha.


-Eu sabia! –O soldado andou a passos rápidos até o garoto, parecendo triunfante. –Eu sempre soube que era você! Esse tempo todo e finalmente cometeu um erro!


  O silêncio reinou no quarto, Jason mantinha a expressão impassível, todos os olhares direcionados a ele, então o garoto riu, uma risada seca e feroz.


-Eu disse para nos livrarmos de você, mas ele não quis, falou que seria uma das peças de que precisávamos... e bem... meu mestre nunca falhou!


  Júlio cerrou os punhos e estava prestes a levantá-los contra Jason, mas o garoto fez um movimento certeiro e os três voaram de encontro a parede.


-Você achou mesmo que seria tão fácil assim me deter? –Outra risada. –Olha, para chegar aonde chegou esperava mais de sua inteligência...


-Porque está fazendo isso? –Tainara perguntou com raiva.


-E não parece óbvio? –Jason balançou a cabeça em descrença, então arrancou os óculos e os quebrou ao meio. –Realmente esperava muito mais...


  Nós quatro olhávamos perplexos para tudo aquilo.... Thalia parecia ainda mais tensa e sua respiração estava desregulada, segurei sua mão tentando confortá-la, mas sabia que seria inútil, porém ela a pressionou.


-Onde está a sua lealdade agora? –Connor cuspiu as palavras enquanto tentava se livrar da parede.


  Jason o respondeu com um chute na panturrilha o que fez o garoto gritar; comecei a me mover com a raiva tomando conta, mas Nico me parou ainda assistindo a cena.


-Cuidado com o que fala seu pedaço de merda! –Sua voz cada vez mais ameaçadora. –Você é completamente descartável para os nossos planos e não ligaria de acabar com isso agora mesmo.


-Como pretende manter o disfarce se matá-lo? –Tainara tentava parecer calma.


-Logo, logo não vou mais precisar dele mesmo. –Jason deu de ombros. –Mas de qualquer forma sou uma pessoa justa e quero lhes propor um acordo... não conseguirão me acusar, já que é a minha palavra contra a de vocês, então se juntem a nós e terão tudo o que quiserem, caso contrário irão nos ajudar do mesmo jeito, mas de uma forma muito mais dolorosa. –Um sorriso brotou em seus lábios e mais um trovão soou.


-O que eu mais quero é vê-lo morto então acho que não chegaríamos a um consenso. –Júlio falou estranhamente calmo. –E vocês vilões são muito burros, cometem sempre o mesmo erro... falam demais!


  Júlio deu um murro em Jason com tanta força que seu pescoço virou muito mais do que o normal para uma pessoa.


  Já vira demais, sai de nosso esconderijo acompanhado dos outros e deixando o restante em silêncio.


  Jason aproveitou para se levantar enquanto limpava o filete de sangue do rosto. –Percy! Ainda bem que vocês chegaram, esses três invadiram o meu chalé e...


Thalia não o deixou terminar, se aproximou dele a passos largos e lhe deu outro murro que o levou ao chão novamente.


-Seu desgraçado! –Ela o chutou no estômago. –Eu sou sua irmã! Eles são seus amigos!


-Thalia... –Hazel a chamou. -Precisamos que ele fale.


  A respiração dela estava pesada e pude ver que tentava controlara a raiva; Jason já começara a se levantar novamente com um pouco mais de dificuldade.


-Chame Quiron! –Olhei para Connor que acenou e saiu em disparada do chalé.


  Jason tentou fazer o mesmo, mas Tainara o interceptou com ramos que cobriram seus pés o prendendo no lugar.


-Não tem nada que possam fazer agora! –Jason gritou parecendo perder a calma e Thalia o socou novamente.


-Tragam os outros! –Não desviei do garoto, mas Nico e Hazel entenderam e sumiram nas sombras.


-Você não pode me culpar! Se tivesse passado pelo o que eu passei também teria...


  Outro soco, seguido de um chute nas costelas; ela não dizia nada, parecia presa em seu próprio subconsciente, apenas agindo.


-É tarde demais para me impedir...


  Mais um murro, mas dessa vez direcionado ao estômago, porém quando lhe desferiu um tapa na cara a expressão de Jason mudou para confusão.


-Mas o que... Thalia... é você?


  Ela o fulminou com o olhar, mas não respondeu, franzi as sobrancelhas.


-Mana! Me escute eu não...


-Não me chame assim! -Ela berrou. -Nunca mais me chame desse jeito! Você não é meu irmão!


  Jason arregalou os olhos e pude ver uma profunda tristeza neles, se não fosse por toda a sua revelação eu até teria pena dele.


-Thalia... por favor...


  Um brilho iluminou ainda mais o chalé enquanto um trovão soou tão alto que não consegui ouvir suas últimas palavras. Nico e os outros apareceram logo em seguida pela porta.


-Leo! Você...


  O garoto deu um soco certeiro no maxilar de Jason.


-Seu covarde!


  Os olhos de Jason brilharam perigosamente e podia jurar ter visto uma faísca dourada, mas sumiu tão rápido quanto apareceu.


-É melhor o levarmos até a casa Grande. -Frank sugeriu.


  Encarei os outros, o quarto tinha uma mistura de raiva, surpresa, incredulidade e até um pouco de suspeita.


  Localizei Annabeth que me encarava tentando transmitir confiança, respirei fundo e então me aproximei de Jason.


-Tainara, faça algemas para ele por favor. -A garota respondeu com um aceno e as mãos dele estavam amarradas e os pés soltos. -Vamos ir o mais silenciosamente possível, eu e Frank cobriremos o lado enquanto o restante se divide entre a retaguarda e a frente.


  Todos concordaram e encarei Jason com raiva e determinação.


-E se ele fizer qualquer movimento suspeito fiquem à vontade para lhe dar uma lição.


  Assim que saímos pude ver que ventava muito forte e mais raios iluminavam o céu.


-Gostaria de ir poder falar com Luke antes que os filhos de Ares o peguem novamente...


  Acenei para Tainara. -Leve Nico e Will por precaução. -Annabeth falou e os três se afastaram.


  O caminho nunca pareceu tão longo quanto naquela noite, um silêncio profundo caiu sobre todos, e a única coisa que se ouvia eram os raios e o vento cortante. Algumas gotas de chuva caiam dificultando a vista, imaginei que até às harpias estavam escondidas naquele momento.


  Encontramos com Quiron e Connor perto do refeitório, o Centauro estava em alerta, mas tinha uma expressão extremamente abatida em seu rosto. Annabeth deu um passo à frente do grupo para poder falar com ele, mas então o barulho de algo se partindo chamou a atenção de todos.


-Mas que droga!


  Julio praguejou enquanto olhávamos para a enorme cratera fumegante onde antes havia uma fileira de mesas.


  Jason começou a balançar os ombros como se estivesse chorando, mas então pude ver que ele ria, tão descontroladamente quanto antes.


-É tarde demais ele está vindo! Vocês vão todos morrer!


  Cerrei os punhos e, antes que me desse conta, socava sua cara, o golpe foi tão forte que minha mão latejou enquanto via seu corpo cair inerte no chão.


  Com exceção de Frank e Thalia ninguém mais parecia ter notado, então a ex-caçadora caminhou até perto dele para se certificar de que ainda respirava, podia ver a força que tinha para se manter sob controle.


  Outro raio caiu, só que dessa vez perto dos campos de plantações; alguns campistas começaram a sair de seus dormitórios assustados e confusos com o barulho e a agitação do lado de fora.


-Calipso! Precisamos reforçar a barreira!


  Julio gritou e os dois se aproximaram começando a dizer palavras sem sentindo que se perdiam em meio ao vento.


  Fiz sinal para que Frank e Leo vigiassem Jason enquanto ia de encontro a Annabeth, Thalia e Hazel que tentavam explicar para Quiron ao mesmo tempo em que pediam que os campistas voltassem aos chalés.


 "Grover. Fale para os outros sátiros conferirem se as ninfas não estão feridas".


 "Certo cara".


  Ele fez um jóia de onde estava e começou a trotar, então o chamei novamente sentindo o peso das palavras que diria.


 "E avise-os também para ficarem de prontidão".


  O sátiro me olhou e pude ver que ele compreendera, então sem perder mais tempo sumiu em meio aos campistas que se aproximavam.


  Quiron e Annabeth gritavam ordens as pessoas, mas o vento e a chuva se intensificaram, alguns correram para os seus chalés apenas para voltarem com armaduras como se pressentissem o perigo, já outros estavam perdidos rodando de um lado para o outro apavorados demais para agir.


  Os filhos de Hécate se juntaram a Leo e Calipso e tentavam em vão mandar a chuva embora.


  Fechei os olhos me concentrando em cada partícula de água que caia, deixando de lado a gritaria e agitação ao redor, quando senti até a última gota comecei a direcioná-las para o mar, elas começavam a ceder e me obedecer, mas então outro raio atingiu os limites do acampamento e esse veio acompanhado de um grito de dor.


-THALIA!


  Abri os olhos e vi que Luke chegara e corria até a garota que Annabeth segurava firmemente nos braços.


  O caos se instalara, o vento arrastava as mesas, bancos e qualquer outra coisa que conseguisse, a chuva começou a ficar cada vez mais forte e semideuses corriam em todas as direções apontando para um ponto específico, segui o olhar deles me deparando com o pinheiro de Thalia praticamente desintegrado.


  Arregalei os olhos e me voltei para a ex-caçadora que agora estava nos braços de Luke praticamente desacordada, comecei a correr em sua direção.


-HUHUHUUUM... vocês são meeeus...


  Parei bruscamente e me virei em sua direção vendo que Frank e Leo o encaravam tão perplexos quanto eu. Jason se levantara sem esforço algum, seu rosto se contorcia em uma expressão sinistra sem se importar com os diversos hematomas por sua face, o sorriso era feroz, mas o que mais chamavam a atenção eram seus olhos, eles possuíam duas colorações completamente diferentes, o direito era inteiramente branco enquanto que o esquerdo emanava uma forte luz dourada. Mas ambos os olhos me encaravam fixamente, fazendo com que todo o meu corpo se arrepiasse.


-Eu volteeeei!


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Notas Finais:  


E então, o que acharam? 😏
O que acham que vai acontecer em seguida? 😏🤔
Porque Jason ficou agindo daquela forma de repente??? 🤔🤔
Quem é esse mestre de quem ele tanto fala?
Quem são os outros espiões???

  São tantas perguntas e podemos ou não termos as respostas no próximo capítulo... 😏😏
Mas de qualquer forma, mais uma vez muito obrigada por me acompanharem e apoiarem até tão longe nessa imensa e maravilhosa aventura, e aguardo ansiosa por suas manifestações, seja por comentário, favorito ou apenas acompanhamento 🤗🤗 💖💖💖

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