11-Um longo caminho de volta para a casa.


Notas Iniciais:


  Holaaaa semideuses lindos e maravilhosos!!! 😁😁

Como falei antes, quem está vivo SEMPRE aparece 😅😅🤦🏻♀
Eu realmente sinto muito mesmo pela demora, acho que nunca demorei tanto em todas as minhas histórias 😔😔, e não é por falta de motivos, mas isso explico depois.

Aqui estou eu, com muita energia e, espero, disponibilidade 💁🏻♀, então sem mais delongas boa leitura, desculpem os erros e não deixem de olhar as Notas Finais! 😉  


    - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - 


(P.O.V Percy)


-Percy... cuidado... perigo...


-Você nunca vai conseguir!


-Percy...


-Percy! Fuja!


-Eles são meus!


-Percy...


-Saia daqui!


-HAHAHA! Você é fraco!


-Percy...


-Salve sua mãe... sua mãe... sua...


-PERCY!!!


-MÃE!!!


  Levantei em um salto sem entender o que ocorrera; porém a imagem de Tyson e Grover diante de mim me fez voltar ao Mundo real.


-Você estava tendo sonhos ruins de novo? –O grandão pergunta preocupado. –Ficou se debatendo na cama... eu tentei te acordar, mas não consegui então tive que chamar o garoto-bode para ajudar...


-Béeeeh. –Grover baliu um pouco irritado. –Já pedi para não me chamar de garoto-bode, agora tenho barba e chifres, não sou mais um garoto...


  Tyson o analisou por alguns segundos. –Você tem jeito de menino-bode com mais pelos, sua namorada com cheiro de flor concorda comigo!


  Grover o olhou indignado e levemente corado, o que teria me feito rir, porém as imagens ainda eram nítidas em minha cabeça, e não ajudava em nada saber que Tyson tivera que chamar alguém para me acordar.


-Percy? –Grover me olha preocupado. –Você não está bem né?


  Dei um meio sorriso sabendo que jamais conseguiria mentir para qualquer um dos dois, principalmente o sátiro, que mesmo sem a conexão empática ainda era capaz de saber de tudo, principalmente quando estava tão na cara como agora!


-E quem ficaria com sua namorada e alguns amigos longe em uma missão suicida à mais de vinte horas e tendo sonhos perturbadores que se parecem com visões da sua família como se a Grande profecia os deuses e monstros não fossem o suficiente para enlouquece-lo além dos semideuses que a cada cinco segundos te enchem de perguntas sobre quando vão poder sair!


  Parei para recuperar o folego enquanto ambos me encaravam compreensíveis e notei que estava andando de um lado para o outro pelo chalé. Limpei a garganta e passei a mão no cabelo.


-Foi mal, me exaltei...


-Não precisa se desculpar cara. –Grover se aproximou. –Acredite ou não, te entendemos perfeitamente e sou seu melhor amigo, sempre que precisar estarei aqui.


  Sorri agradecido. –Valeu mesmo, os dois são ótimos! –Eles retribuíram o sorriso. –Acho que vou tomar um banho e encontro vocês no refeitório.


  Ambos concordaram e se despediram. Suspirei cansado afastando as imagens da minha cabeça e indo direto para o chuveiro.


  O dia se passou rastejando sem novidades ou surpresas; antes de comer ainda tentei me comunicar minha mãe pelo telefone de Quiron, mas aquilo só serviu para me deixar mais frustrado e irritado; depois do café, recebemos nossa lista de afazeres a qual fui obrigado a cumprir enquanto respondia as centenas de perguntas dos semideuses que ainda não entendiam o motivo de termos permitido a saída do grupo.


  Minha turma de esgrima de depois do almoço foi muito mais fácil de lidar do que todas as outras obrigações, mesmo eles sendo apenas crianças de no máximo 9 anos de idade.


  A maior "emoção" do dia foi quando tive que instruir a nova campista nas atividades do acampamento, pois ela ainda não havia encontrado uma arma ou atividade a qual gostasse ou fosse boa, apesar de Frank e os outros alegarem que Melyssa tinha ótimas habilidades em arremesso de faca, precisei ensiná-la e mostrar passo a passo de como acertar o alvo.


  Ao fim da tarde, Quiron anunciou que faria uma pequena comemoração para os semideuses aniversariantes do mês, como uma forma de compensar toda aquela situação; isso animou um pouco os ânimos de todos, principalmente dos campistas sorteados com essa surpresa. Fiquei um pouco decepcionado porque Thalia não estava para festejar também, já que no dia do seu aniversário estávamos em missão...


TUM-TUM.


-Hey Percy! –Leo adentrou meu chalé sem esperar pela resposta, me tirando de meus pensamentos. –Já que estava demorando resolvi vim ver se não precisa de ajuda para amarrar a gravata...


  O olhei intrigado. –Não acho que gravata combine com bermuda e camiseta laranja, mas tenho certeza que posso arrumar uma marrom para combinar com seu cinto super "estiloso"... ah e a propósito, pode entrar!


  Leo riu me ignorando. –Você é quem sabe, mas pensei que como Annabeth não está aqui para ajudá-lo com essa "coleira" eu poderia substitui-la...


  Um meio sorriso brotou de seus lábios e ele ficou me encarando enquanto finalmente compreendia o real significado daquelas palavras. –Quem foi que te contou disso?


Ele deu de ombros. –Ouvi por aí...


Balancei a cabeça indignado. –Annabeth me paga!


  Leo riu novamente. –Essa é sua última chance... Calipso me ensinou algumas técnicas muito boas de ajeitar gravata e consigo fazer isso em menos de cinco minutos...


-Eu vou mata-lo Valdez! -O fulminei com o olhar, erguendo o punho para bater em seu braço, porem ele desviou ainda rindo.


  Quando percebi, estava correndo atrás dele dentro do meu chalé enquanto ele ria descaradamente.


-Por Quiron! O que vocês estão fazendo?


  Imediatamente parei de dar um cascudo na juba encaracolada de um Valdez um tanto quanto atordoado pela chave de braço. Ambos ficamos atônitos ao ver Piper de pé na entrada com os braços cruzados, segurando o riso. Recuperamos a compostura e limpei a garganta, porém quando estava prestes a explicar, Leo tomou a frente bufando pela surra que levou.


-Percy pistolou só porque perde para um pedaço de pano!


-Posso perder para isso, mas dou conta de você em menos de um segundo!


Ele fingiu surpresa. –UAU! Andou praticando?


  Ameacei pegá-lo novamente; sou alguns centímetros mais alto que ele e resolvi usar essa pequena vantagem para mostrar que não estava brincando, porém Piper interrompeu.


–Odeio estragar a brincadeira das crianças, mas a maioria já está no pavilhão refeitório e Quiron quer todos presentes antes de liberar a refeição.


-Opa! –Lambi os beiços. –Falou em comida é comigo mesmo!


-Nisso tenho que concordar. Toda essa luta me deu uma fooome. –Leo esfregou as mãos ansioso.


-Você quer dizer surra né. –O olhei com tom de provocação o que o fez bufar de novo e ajeitar os cabelos bagunçados.


-Considero o que aconteceu como um empate, já que fui eu quem começou e alguém tinha que terminar.


  Todos rimos e saímos; enquanto íamos em direção ao refeitório tentávamos adivinhar as comidas que as ninfas fizeram. E é claro que não nos decepcionamos!


  As mesas estavam repletas de alimentos diversificados, um parecendo melhor do que o outro; como era meio que uma "festa", não havia necessidade de sentar no lugar certo ou ficar realmente em um assento. Isso gerou uma pequena confusão de pés andando de um lado para o outro enquanto aumentavam o tom de voz, em uma disputa indireta para ver quem falava mais.


  O clima estava especialmente agradável naquela noite, principalmente com a significativa melhora dos semideuses internados, graças aos remédios "naturais" de Tainara; e os campistas demonstravam uma empolgação que só via nos dias de jogos, em especial Travis, que não saia da cola do irmão por um segundo, acompanhando cada movimento dele e o ajudando a voltar à ativa, consequentemente, Katie Gardner também acabava por andar de um lado para o outro, já que o mais velho era seu namorado e ela havia adotado uma afeição fraternal por Connor.


  Porém, mesmo com a empolgação geral, brincadeiras e o falatório; simplesmente não conseguia me animar, as visões do sonho pareciam cada vez mais reais, e o fato de Annabeth ter partido em outra missão sem mim, não tornava as coisas mais fáceis...




Você não faz ideia...




-Pensando na morte da bezerra? –Leo se sentou em minha mesa com tom sarcástico, fazendo com que levasse um leve susto.


-Quem me dera fosse isso... –Falei ainda um pouco pensativo.


-Poxa cara isso deve ser terrível! –Ele mastigava algo e me olhou fingindo estar triste.


  Olhei da sua boca até as mãos e vi que havia metade de uma fatia de pizza azul nela, imediatamente olhei para meu prato completamente vazio e trinquei os dentes.


-Você não pode ser tão burro a ponto de pegar a minha comida né? –Perguntei, apesar de já saber da resposta.


  Ele deu de ombros mordendo outro pedaço. –Estava tão distraído que pensei que não quisesse mais.


-Ainda estava no meu prato! –Apontei indignado recebendo outro dar de ombros.


-Pela sua expressão parecia a pior coisa do mundo então resolvi te livrar desse sofrimento.


  Um pequeno sorriso brotou de seus lábios ao ver minha cara, mas tão rápido quanto a raiva por ele ter roubado minha pizza azul (que as ninfas prepararam especialmente para mim!) veio, ela simplesmente desapareceu, pois não tinha mais vontade de brincar, brigar ou fazer os dois. Leo notou isso e seu sorriso desapareceu.


-A qual é cara! Nem um soco na mesa, tentar me acertar com o prato ou me ameaçar? –Ele parecia desapontado. –EU ROUBEI SUA PIZZA AZUL!


-Pode ter certeza que estou muito irritado. –Falei sério. –Mas acabei de descobrir que o melhor jeito de te acertar é não me importar com suas brincadeiras.


  Leo desarmou derrotado largando o resto da pizza na mesa. –Fala sério! Assim perde toda a graça. Jason anda muito estranho e distante; Frank, Hazel e Reyna estão no acampamento Júpiter; Piper usa sua persuasão e nem preciso falar de Nico com seu jeito tão... amável... –Ri sem humor de sua expressão. –E agora você!


Dei de ombros. –Pois é cara, não tá fácil pra ninguém!


-Você não entende. –Ele ficou sério. –Se não tiver ninguém para irritar como vou parar de pensar na missão dela?


O encarei sem reação. –Você também está preocupado?


-E que espécie de namorado eu seria se não estivesse? –Leo passou a mão no cabelo encaracolado, o desajeitando ainda mais. –Não que eu duvide da sua capacidade é só que... é a primeira vez que Calipso vai sem mim e eu meio que fico nervoso sem ela por perto... e não ajuda nada essa falta de humor de todos.


  O analisei por alguns instantes vendo que ele sentia o mesmo que eu naquele momento e não pude deixar de abrir um meio sorriso com o pensamento que me ocorreu.


-Parece que somos nós quem precisamos delas e não o contrário...


Ele também sorriu concordando. –Sem aquelas garotas ficamos perdidos...


-Mas elas estão bem!


  Falamos juntos com uma convicção tão grande que quase me fez esquecer o que ela havia ido fazer e com quem.


  Conversamos por mais algum tempo sobre as garotas e suas qualidades; pouco depois Grover, Juniper e Tyson apareceram se juntando a nós, logo em seguida Nico e Will também vieram, assim como Jason, Piper, Rachel, Travis, Connor e Katie; quando dei por mim a mesa estava lotada e as risadas só aumentavam.


-Cadê a Tainara? –Perguntei ao ver a expressão meio abatida de Connor.


-Ela quis ficar na enfermaria para acompanhar a melhora dos outros. –Will respondeu se servindo de mais salgado. -Tentei convencê-la de vir, mas não consegui, Edvine ficou com ela.


-Ela está ocupada demais com os outros pacientes... –Connor falou com um leve tom de ressentimento.


  Olhei para Piper que também me encarava como se estivesse passando uma ordem apenas com o olhar, e pelo incrível que parece não demorei para entende-la. Porem quando estava prestes a me levantar, Quiron bateu os cascos no chão pedindo por silêncio.


-Campistas! –Ele começou. –Antes de mais nada, gostaria de dar os parabéns a todos os aniversariantes deste mês e que estejam aproveitando bastante, principalmente a nossa nova campista Melyssa. –O centauro apontou para uma das mesas a qual a garota sorriu tímida, enquanto os semideuses aplaudiam. –Espero que mesmo depois de toda essa maravilhosa refeição ainda tenham guardado um lugar para o bolo!


  Mais aplausos se seguiram enquanto as ninfas surgiam carregando vários pratos com bolos e distribuindo nas mesas, além de um outro ainda inteiro que foi deixado na mesa principal.


-Antes de liberarmos novamente a comilança, vamos parabenizar esses jovens e comemorar por mais um ano que está quase chegando ao fim!


  O chalé de Apolo deu início a uma das nossas canções do acampamento, sendo seguido por todos os outros que cantavam com muito entusiasmo. Aplaudimos a nós mesmos depois de terminarmos, então Quiron falou mais algumas palavras em relação a festa, os aniversariantes, e o final de ano, dando mais motivos para bater palmas. Por fim os bolos foram liberados e a conversa e agitação voltou.


  Nos levantamos e resolvemos cumprimentar os semideuses que estavam fazendo aniversário, haviam apenas dois campistas que realmente nasceram no dia 30 de dezembro, um deles sendo Melyssa, que recebia muitos cumprimentos de praticamente todos. Também a abracei e parabenizei.


-Seu primeiro ano como semideusa. –Falei sorrindo. –Aproveite!


-Só espero que não seja o último... –Ela comentou um pouco triste.


-Hey. –Toquei em seu ombro. –Nada de pensamentos negativos, você teve o azar de ter uma vida normal e chata até agora, sem poder aproveitar toda a alegria de viver no acampamento e reduzir monstros a pó. Então curta ao máximo as incontáveis horas de treinamento e fuga das harpias devoradoras de pessoas.


  Ela riu me levando a fazer o mesmo por impulso. –Pode deixar que vou aproveitar bastante. –Seus olhos brilharam de entusiasmo.


-É assim que se fala...


-Tudo bem romeu, já teve sua chance. –Parker, filho de Afrodite, apareceu ao meu lado. –Agora deixa para os solteiros.


  Revirei os olhos rindo de sua expressão e da de Melyssa que ficou levemente corada com a aproximação do ruivo de olhos verdes. Porem antes que tivesse a chance de fazer qualquer coisa, alguém gritou um aviso a alguns metros de distância.


  Imediatamente me coloquei em posição em busca do perigo, mas então Parker soltou uma exclamação e começou a se afastar; segui seu olhar encontrando primeiro a face extremamente corada e confusa de Melyssa que parecia receber toda a atenção agora; mas não era por conta da fina aureola vermelha (não de um vermelho gritante como o chalé de Ares, mas algo mais suave, apesar de ainda representar fúria e... amor....), que cobria seu corpo; e sim pelo que estava acontecendo com o mesmo.


  Suas feições continuavam as mesmas assim como a expressão de vergonha que cobria seu rosto; porém, seus cabelos loiros presos em um rabo de cavalo foram substituídos por fios negros, extremamente lisos e lustrosos; e os olhos, antes de um tom azul vibrante, se tornaram penetrantes de um vermelho sangue, como se "todos os namorados do mundo estivessem espremidos secos, destilados em uma mistura venenosa".


  Só havia escutado sobre uma única pessoa com essas características... nem sei se poderia chama-lo de pessoa! Mas quando me contaram fiquei feliz por nunca o tê-lo visto, porém ali estava alguém quase igual, sem saber o que aquilo tudo poderia significar.


  Minhas dúvidas foram confirmadas quando enfim o símbolo de seu parente divino se tornou nítido acima de sua cabeça; não era nenhum do qual esperássemos ou até mesmo imaginássemos, na verdade nunca em toda a minha vida como semideus havia visto aquele símbolo pairar sobre a cabeça de algum campista e, sinceramente não sabia   o que aquilo poderia significar para nós de modo geral, principalmente para a Grande Profecia!


  Tudo que sabia era que, para o bem ou para o mal, Melyssa agora possuía a sua marca, e o símbolo de um coração flechado determinava o deus do amor, Eros, como seu pai divino.


***


(P.O.V Annabeth)


-Atrás de você!


  Thalia abaixou bem a tempo de eu sacar minha adaga e jogar na cabeça do cão infernal. Um grunhido de dor soou antes que seu corpo desmoronasse e começasse a se transformar em pó.


  Encolhi os ombros com o som do animal, pois apesar de ter tentando nos degolar, eles lembravam muito a Sra. O'lery; consequentemente Percy e Tyson apareciam em minha mente... o cabeça de algas saberia lidar com esses cães muito facilmente e teria o seu próprio para ajudar...


  Espantei esses pensamentos, seria ótimo se ele estivesse conosco, mas ao menos estava seguro no acampamento e isso era algo que precisava resolver sozinha...


-Annabeth!


  Pude ver o vislumbre de alguma coisa antes de sentir o peso de um corpo se jogar em cima do meu. Um zumbido veio logo em seguida, e tudo começou a girar.


  Esperei até que minha vista voltasse ao normal, então olhei para Luke que me encarava preocupado.


-Você está bem?


Me limitei a balançar a cabeça sem entender muito bem o que tinha acontecido.


Ele ficou de pé, oferecendo sua mão para me levantar.


  Pude entender o que ocorrera, Calipso jogara uma de suas bombas para acertar o cão que estava prestes a me atacar, porém como me distraí não ouvi seus avisos.... Me xinguei mentalmente por tal descuido e resolvi voltar ao foco principal.


  Faltavam apenas dois, um deles estava sendo cuidado por Júlio e Calipso, que me olhou com o canto dos olhos para ter certeza de que eu estava bem. Acenei com a cabeça para tranquiliza-los. Me juntei a Thalia e Luke e, juntos, mandamos o último de volta para o Tártaro.


-Servida?


  Calipso me ofereceu um cantil com seu estranho chá de ervas que ajudava a aliviar um pouco as dores corporais; peguei sem hesitar com a respiração ainda descompassada pela batalha; deixei que o liquido morno descesse pela minha garganta e fechei os olhos por alguns segundos aproveitando do único som dos outros também ingerindo o liquido que havia se tornado cada vez mais saboroso durante essas últimas horas... quase dois dias agora....


  Depois de quatro lutas seguidas, todos estavam exaustos demais para seguir viagem naquela noite, e a sorte (apesar de parecer impossível termos alguma) foi que reencontramos um dos nossos muitos abrigos que Luke, Thalia e eu havíamos feito cerca de onze anos atrás. O lugar estava praticamente caindo aos pedaços, mas parecia o campo dos Elísios.


  Faltava apenas 2 quarteirões para a casa da sra. Castellan, mas ninguém estava afim de entrar em outra batalha completamente exaustos e sem nenhum plano.


-Tenho certeza de que a faca está limpa.


  Calipso sentou do meu lado em cima de seu saco de dormir; ela já havia trocado a calça e camiseta de panos indestrutíveis que ficaram em pedaços com os ataques e os substituídos por novas; a única coisa que ainda mantinha rente ao corpo, mesmo suja e com um pouco de pó de monstro, era o colete verde escuro de Leo, que o garoto havia lhe dado antes de partimos.


  Passei o pano uma última vez na arma com um meio sorriso. –Na verdade é uma adaga e acho que nunca ficou tão limpa assim.


  Ela riu concordando. –Se conseguisse fazer o feitiço certo daria uma ótima concorrente para a Katoptris de Piper.


  Acompanhei sua risada silenciosa o bastante para não acordar os outros, apesar de saber que o único que realmente dormia era Júlio.


  Ficamos quietas por algum tempo desfrutando daquele momento de paz, sem ataques ou monstros. Calipso alisava seu colete pensativa e não pude deixar de levar a mão ao meu colar de contas...


  O pinheiro de Thalia; uma tirreme grega em chamas; um centauro vestido para um baile; o tridente do verão em que Percy apareceu...; o velocino de ouro; o labirinto de Dédalo; o edifício Empire State com a gravação dos nomes de todos os semideuses que morreram na batalha, apesar de nem todos estarem realmente mortos...; a gaiola de terra a qual Hera foi presa no mês em que Piper, Leo e Jason apareceram; a estátua de Atena Paternos segurando a deusa Nice em uma das mãos enquanto a outra mostrava uma bandeira pintada em laranja e roxo com um centauro e louros de ouro no centro, representando a junção não só da dupla personalidade dos deuses como de ambos os acampamentos; a do último ano, quando haviam se passado apenas alguns meses desde a revolta dos deuses, mas já éramos assombrados pela derrota iminente... uma fita, vermelha e dourada, sendo rasgada ao meio por um raio, separando qualquer relação, mesmo que consanguínea, que tínhamos com eles...


  Dez momentos marcantes dos anos em que estive no acampamento... meus dedos vão além das contas parando por alguns segundos no anel de formatura que meu pai me deu; a imagem deles pisca em minha mente, não faz tanto tempo que os vi, mas a saudade torna difícil de formular pensamentos; e as coisas só pioram ao sentir a conchinha que ganhei de Percy quando começamos a namorar, sinto uma leve pontada no peito e aperto o presente nas mãos até que os nós de meus dedos estejam brancos.


-Parece que já faz uma eternidade né...


  Olhei para Calipso que ainda possuía os olhos fixos no colete, suspirei sentindo o cansaço daquelas últimas horas. –Já fiz isso antes... –Hesitei lembrando de quando tive que seguir a marca de Atena sozinha,sem nada além da minha inteligência, medo (apesar de não admitir em voz alta) e intuição... e mesmo assim não foram o suficiente para fugir da armadilha de teias... –Mas... desde que ele desapareceu... quando isso acontece...


-É como se uma parte de você não estivesse presente... 


  Ela balbucia me encarando com um meio sorriso, posso ver em seus olhos que sente a mesma coisa que eu no momento... medo de que as decisões tomadas não tenham sido as corretas, coragem para enfrentar qualquer coisa e acima de tudo, uma saudade enorme do cabeça oca que é o motivo de continuar lutando uma batalha que não deveria ser sua... 


–Passei tanto tempo afastada... –Ela toma cuidado com o termo que usa para sua prisão como se corresse o risco de ter que voltar caso os deuses descobrissem. -...que não deveria me incomodar, mas depois que experimentamos esse sentimento de conforto, alegria e... união uma vez, não conseguimos mais parar de deseja-lo, mesmo que tenha que dar a vida para mantê-lo a outros.


  Surpreendo a nós duas com um abraço apertado, na tentativa de passar toda a minha confiança (mesmo que precária) e compreensão por meio desse contato. A cada passo que dou é como se voltasse no tempo, quando éramos apenas eu, Thalia e Luke contra o Mundo; a última vez em que estive naquela casa, foi junto deles, e mesmo assim prometi a mim mesma que jamais retornaria; porém aqui estou eu, poucos metros de distância de onde tudo começou... incapaz de me abrir com as duas únicas pessoas que passam o mesmo que eu no momento, Luke muito pior do que nós duas... queria poder ajuda-lo, mas mal consigo manter o foco em alguma coisa, meus pensamentos voam para o que passamos e o que estamos prestes a enfrentar... e o pior é que mais uma vez ele não pode estar aqui comigo agora, me dando forças como fazíamos no Tártaro ou em qualquer uma de nossas "aventuras".


  Fiquei tão aturdida em pensamentos que mal notei que ela também me abraçava, tentando encontrar forças em mim assim como o fazia.


  Calipso viveu séculos presa em uma ilha forçada a se apaixonar e ter o coração partido por cada "herói" que colocava os pés lá, condenada a solidão eterna por ter apoiado a família, ficado do lado das pessoas que amava... então quando finalmente encontra um ponto de esperança, uma chance de recomeçar do zero com alguém em quem pudesse confiar, é jogada para outra batalha, lutando todos os dias por sua vida e para ajudar sua nova família.


  Suspiramos aliviadas como se o peso do mundo tivesse sido arrancado de nossas costas... ao menos durante um tempo...


-Queria que ele estivesse aqui!


  Falamos em uníssono e nos encaramos com um sorriso sincero, cada uma pensando em sua própria ancora capaz de nos fazer suportar tudo ao nosso redor e seguir em frente... um passo de cada vez...


***


(P.O.V Percy)


-Fiiiuuuu! –Leo assobiou com a imagem a alguns quilômetros. –E você prefere o chalé a isso?


  Dei de ombros pegando o binóculo da sua mão e olhando pelo mesmo. –Bom, não é como se eu tivesse muita opção no momento. –Analisei cada centímetro da casa da minha mãe... da minha casa... só havia visto ela em fotos e nos meus sonhos, mas no momento não se parecia com nenhuma das imagens que tinha em minha mente.


  Todas as flores do jardim estavam mortas e destruídas, a neve que deveria estar cobrindo a grama formava poças de água ao redor do local expondo a grama completamente sem vida. E nem consigo falar da casa descascada e quase caindo aos pedaços como se um tornado tivesse passado apenas por lá... um tornado cabeça oca conhecido como Ares!


-Então qual é o plano? –Piper perguntou me fazendo encarar o resto do grupo feito às pressas. –Quer dizer... temos um plano não temos?


-Bem... –Comecei, porém Jason bufou tomando a frente.


-Por que achou mesmo que fossemos ter um plano para uma missão relâmpago indo contra todas as regras do acampamento e pegando as pessoas desprevenidas?


-Não obriguei ninguém a vir comigo! –Disparei irritado com as reclamações que o loiro fizera durante toda a noite. –Na verdade a intenção era vir sozinho.


-Até parece que nós deixaríamos você se matar sozinho cara. –Grover falou se aproximando. –Já teve diversão demais sem mim.


-Escute o garoto-bode. –Leo afirmou levando uma fulminada de Grover. –Não voltei dos mortos para deixar as pessoas se matarem sozinhas.


-Eles estão certos, viemos por que quisemos. –Piper encarou Jason friamente. –E não estamos prendendo ninguém conosco, qualquer um insatisfeito pode partir quando quiser!


  O garoto ficou em silêncio, porém Leo resolveu dar outra provocada. –É cara, não estou te reconhecendo, sei que é fanático por regras, mas as vezes abre exceções quando é para os amigos. E por que ficou tão bravo por ter sido avisado de última hora? Tinha alguma coisa para fazer antes de irmos?


  Jason arregalou os olhos surpreso pela pergunta; na verdade todos nós estávamos do mesmo jeito, até Melyssa que ficou em seu próprio canto durante toda a viagem, ajudando apenas nos ataques de monstro, e que praticamente implorou para vir junto devido as novas descobertas; parecia ainda mais deslocada.


-Mas é claro que não! –Jason disparou com os punhos cerrados. –Eu só não sou muito fã de surpresas, mas já que estamos aqui vamos acabar logo com isso antes que o deus suspeite de algo.


  Leo o analisou por um tempo e fiquei surpreso ao notar pela primeira vez o quanto aquele ano fora o mudou; além de estar mais alto e forte (não tanto), ficou mais frio e calculista em alguns casos também; o levando a questionar até mesmo seu melhor amigo; tudo bem que o garoto andava cada vez mais estranho nesse último mês, mas mesmo assim...


-Em uma coisa ele tem razão. –Grover cortou. –Precisamos nos apressar.


  Concordei com a cabeça e voltei a analisar a casa pelo binóculo, tentando raciocinar... aquele sonho perturbador antes de decidir partir, e a turbulência não ajudou na minha descrição quando decidi infligir a regra que impedi todos os campistas de fazê-lo.


  A visão da casa fazia meu sangue ferver, principalmente por saber quem nos esperava dentro dela. Somos em seis, um pouco cansados pela noite mal dormida, mas muito dispostos, já que, por sorte, não tivemos muitos ataques...


  Respirei fundo e voltei a encará-los, até mesmo Jason parecia mais tranquilo; foquei meu olhar em Melyssa, ainda era difícil olhá-la com aquela aparência, é como se fossem duas pessoas completamente diferentes, mas ela mudou bem diante dos nossos olhos; não sei ao certo se podemos confiar nela, muito menos o porquê de Eros se manifestar justo agora, porém ele deixou claro a sua marca, principalmente no meu sonho; ainda não sei o que deu em mim quando aceitei trazê-la conosco, mas algo me diz que ela será essencial para a "missão relâmpago".


  Annabeth sempre diz para confiarmos em nossos instintos, por enquanto tem dado certo, então é isso que vou fazer mais uma vez!


- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -


-Prontos?


  Olhei para Melyssa e Leo que estavam do meu lado e ambos acenaram; fechei os olhos me concentrando em Grover para mandar um sinal via conexão empática, a qual sugeri que refizéssemos para ajudar não apenas na missão, mas para que pudéssemos ajudar um ao outro como sempre fizemos.


"Agora!"


  Imediatamente as flores começaram a crescer novamente e encobrir todo o perímetro da casa de forma discreta, se camuflando com as cores do ambiente. Rastejamos por entre as plantas até alcançar a entrada; pelos meus sonhos deveria ter uma porta que dá acesso para a cozinha e seria por lá que os outros passariam.


  Leo remexia em seu cinto tão silencioso quanto possível, mas um pouco inquieto pela demora deles; o cutuquei com o cotovelo para que parrasse, apesar de estar meio preocupado, não mostraria isso para eles, não agora que estamos tão perto de conseguir entrar...


"PERCY!"


  Levantei em um salto com o grito de Grover que parecia real e não na minha cabeça; chutei a porta com contracorrente já em mãos. A sala estava escura, e por alguns segundos tudo que ouvi foram as batidas do meu coração e os passos abafados dos outros me seguindo.


-HAHAHA! Enfim você apareceu Perseeeeuuuu Jacksooonn!


  Aquela voz já havia se tornado conhecida em minha cabeça, mas ouvi-la dizer meu nome inteiro como se fosse um sibilo me causou um leve tremor, apertei mais o cabo da espada.


-Huhuuhuhumm Vamos Brincar!


***


(P.O.V Annabeth)


-Certo. –Júlio mexeu no cabelo recém cortado por ele mesmo, enquanto conversávamos. –Gostariam de revisar o plano?


  Olhei com o canto dos olhos para Luke que se manteve completamente distante durante toda a missão, porém, como todos o encaravam esperando por uma resposta, o garoto se recompôs.


-Não! Vamos acabar logo com isso.


  Ele foi o primeiro a sair da cabana; olhei para Thalia que também me encarava, mas vi que ela estava tão perdida quanto ele; com um leve movimento de cabeça ordenei que todos saíssem e seguissem.


  Ele permaneceu imóvel do lado de fora, olhando pelo binóculo em direção a sua casa; esperei que os outros virassem a rua para encará-lo. Hesitei em fazer contato físico, pois lá no fundo uma parte do meu cérebro se alertava sempre que ele estava perto, mas afastei esses pensamentos e toquei levemente em seu ombro para chamar a atenção. Luke não se alterou uma única vez sequer e tudo o que fez foi virar para me encarar; sorri da melhor forma que consegui.


-Vamos?


-Claro!


  Os outros provavelmente já estavam próximos de seus postos; os primeiros passos foram dados em completo silêncio, com exceção dos carros e pessoas que passavam ao nosso redor.


-É incrível como as pessoas são tão ignorantes com o que acontece bem diante dos olhos delas! –Sua voz estava distante.


-A névoa ajuda um pouco nessa parte. –Dei de ombros sabendo que estava apenas puxando assunto, já que fora ele quem me ajudou a entender quando tinha 12 anos.


-Sim, mas tudo que ela faz é mostrar o caminho mais fácil, as pessoas veem o que é mais viável para elas mesmas e sua sanidade mental. –Sua expressão continua inalterada, como se fossemos dois "adolescentes" conversando normalmente. –Eles nem mesmo são capazes de reparar detalhes simples como uma pessoa que nunca sai e nem faz barulhos, agora estar com a casa cercada de pessoas limpando e arrumando tudo como se fossem robôs, o que não duvido que realmente estejam como tal! –Um leve tremor em sua voz me fez olhá-lo.


-Nós somos seres ignorantes, até mesmo os considerados divinos podem ser facilmente influenciados quem dirá pessoas que possuem uma necessidade em especial de encontrar resposta para tudo...


-Luke, na escuta? Cambio!


Fomos interrompidos pela chamada de Júlio no alque-toque, Luke pegou o aparelho. –Fale!


-Todos a posto! Parte um completa! Cambio.


-Relatório.


-O inimigo foi localizado, mas há 6 mortais dentro do perímetro...


Eu e Luke trocamos olhares com as sobrancelhas franzidas. –Mortais? É isso mesmo?


-Exato! Estão espalhados fazendo uma limpeza completa no local, Calipso encontrou sua mãe, está próxima do inimigo. Cambio!!!


  Luke apertou levemente o aparelho em sua mão; Júlio é acostumado a transmitir mensagens como se ainda estivesse na guerra, o que de certa forma não é mentira, mesmo que a situação não seja a mais favorável; mas pelo incrível que pareça, Luke também parece já não ligar mais, já que continua com a expressão inalterada.


-E com quem estamos lidando? Cambio!


  Rapidamente juntei as peças de todas as mínimas informações e antes mesmo que a voz ecoasse pelo alque toque, já imaginava a deusa a qual teríamos que lutar e que apesar de parecer insignificante poderia dar um enorme trabalho e obviamente não iria embora sem seu objetivo.


-Hebe está prestes a enfrentar a nossa fúria! Cambio.      


    - -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - 


Notas Finais:


  Antes de mais nada quero pedir desculpas novamente por todo esse tempo em que "abandonei" vocês, mas acreditem ou não, não foi por que quis; as tarefas e trabalhos só ficaram cada vez maiores; desde que voltei das férias os professores não tiveram nem um pingo de compaixão e nos lotaram de lição praticamente TODOS os dias; de final de semana que seria para descansar um pouco, tinha lição de casa, trabalhos e atividades pra nota, além do curso a parte que faço, sem contar também que esse ano tem Enem e o peso fica só aumentando...
E confesso que nos dias que não fazia "nada" acabava capotando de tanto cansaço 😓

Mas não é como se só eu tivesse milhares de coisas para fazer né kkkk, e muito menos essas coisas vão me fazer desistir da história 😉

Mas vamos ao que interessa 💃 


E então, o que acharam?
O que acham que vai acontecer?
O que querem que aconteça?
Curiosos? 😏


Então não deixem de acompanhar, comentar e favoritar para me incentivar a continuar 😏😉
Mais uma vez, muito obrigada pelo apoio e compreensão de todos, principalmente as manifestações que vim recebendo ao longo desse tempo, principalmente em PJNP, e espero agora poder voltar, aos poucos, com as postagens regulares. Não sabem o quanto amo voces meus leitores maravilhosos ❤❤❤


★♡★      

Comment