24- Consequências.

Notas Iniciais: 


E olhem eu aqui de novo!!! 🤗🤗🤗


Aproveitem 😉💖


- -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - 


(P.O.V Percy)


O que carrega a marca dos Titãs a todos irá trair...


-Percy?




Jason é o traidor...




-Percy?




Não está sendo controlado....




-Está acordado?




Ele tem a marca da foice...




-Vou resolver isso...


  Senti algo penetrar em minha pele e um formigamento passou por todo o meu corpo, então abri os olhos dando de cara com uma luz ofuscante, tentei levar a mão ao rosto, mas havia alguma coisa presa a ela.


-O que...?


-É. Ele acordou. –Uma voz falou. –Me avise caso aconteça alguma coisa. –Então a pessoa começou a se afastar.


  Olhei para o lado dando de cara com Corina, tirando o cansaço estampado no rosto e o sorriso apagado, parecia bem.


-Como está se sentindo?


-Como se tivesse sido atropelado por um exército... –Minha voz estava rouca o que a fez sorrir mais parecendo triste do que realmente feliz.


-Por pouco isso realmente não aconteceu.


-Onde está Annabeth e Luke? O que houve com meus pais, as crianças e os outros? Por quanto tempo estive desacordado? Que lugar é esse?


-Ei! Vá com calma nas perguntas Percy. –Me calei na hora. -Os dois estão bem... na medida do possível levando em conta tudo o que aconteceu... –Ela fez uma pausa. -Alguns campistas estão bem melhores que outros, incluindo seus pais... e do que exatamente você se lembra depois do Navio de Guerra?


  Milhares de imagens rodopiaram na minha cabeça, mas nenhuma em ordem ou que realmente fizesse sentido, consegui levantar os braços e esfreguei os olhos. –Eu e Jason... uma marca em seu pulso... Annabeth e Luke aparecendo e ela falando que ele esgotou suas energias depois de comer um bloquinho de... –A olhei confuso. –Chocolate?


  Um pequeno sorriso surgiu no canto de seus lábios enquanto escrevia em uma espécie de caderninho que tirara do bolso e fez sinal para que eu continuasse.


  Tentei organizar as imagens, mas falhei. –Depois... acho que escutei a voz de Tártaro gritando para nos pegarem.... os monstros correndo até nós... –Franzi a testa. –Luke falou alguma coisa sobre seu relógio antes de desmaiar e depois... sei lá... acordei aqui... –Olhei para a garota que cumprimia os lábios. –Estou falando coisa com coisa?


  Corina me olhou com um sorriso tranquilizador. –Está sim, na verdade seu relato é semelhante ao deles, o que é ótimo, pois significa que nenhum dos três sofreu perda de memória recente ou traumatismo, mas é melhor continuarem sob observação de qualquer forma.


-Huum... e como chegamos aqui? Afinal aonde exatamente é aqui?


-O botão que Luke pediu para apertarem emitiu um sinal no relógio de Júlio enquanto nos organizávamos para um suposto ataque de... –Ela se arrepiou só de pensar no guerreiro. -Então dois minutos depois vocês apareceram, mas ele não deixou que ninguém tocasse nos três até lançar uma espécie de feitiço, que pelo que eu entendi era para garantir que nada poderia passar pelo portal que ele abriu... depois disso voltei para a ala hospitalar e me encarregaram de cuidar de você... –Corina sorriu de novo dando de ombros. –Mas não faço a mínima ideia onde estamos, tudo que sei é que é seguro.


  Fiquei alguns segundos em silêncio tentando assimilar tudo o que ela dissera, mas eram informações demais, minha cabeça latejava e não tinha uma parte do meu corpo que não estivesse dolorida...


-Tente dormir mais um pouco, vocês não descansaram tanto quanto deveriam... –Ela me ofereceu um analgésico, mas a encarei sério.


-Quanto tempo eu dormi?


-Só cinco horas.


Arregalei os olhos. –Cinco horas?


  Corina deu de ombros e me empurrou o remédio novamente. –Como disse, precisam descansar mais.


-Que dia é hoje? –Peguei a pílula, mas não tomei.


  Ela franziu a testa. –A última vez em que estive na área de luz era noite, então acho que ainda é dia 11 de Janeiro.


-Certo. E...


-Chega de perguntas! –A garota pegou um copo de água que estava ao lado da cama e me entregou também. –Aproveite o tempo que terá para descansar porque, sinceramente? Não sei quanto disso nos resta...


  Queria me irritar, mas seu olhar e corpo emanavam cansaço e desesperança, então suspirei e me limitei a concordar.


  Levei a pílula até a boca e bebi água, Corina saiu logo em seguida, esperei que ela se concentrasse em outro paciente e arranquei o remédio da boca o escondendo embaixo do travesseiro.


  Comecei a me sentar aos poucos tentando controlar a tontura, só esse esforço fez escorrer suor pela minha testa.


  Parei por um segundo e olhei ao redor, arregalei os olhos com a quantidade de macas e pacientes espalhados pelo lugar, tinha tantas pessoas andando de um lado para o outro que fiquei surpreso de não escutar o barulho antes.


  Tentei procurar por rostos conhecidos, mas a pessoa que mais me interessava não estava lá e tinha que encontrá-la, sem contar que precisava saber onde os outros estavam e se nenhum deles se feriu... muito.


  Respirei fundo e pendurei as pernas para fora da cama tomando o máximo de cuidado para não chamar a atenção de ninguém, um zunindo alto estalou em meu ouvido direito e o tapei tentando fazer parar; trinquei os dentes para controlar a dor.


Fechei os olhos e respirei fundo algumas vezes. –Vamos lá...


-Você já enfrentou coisas muito piores!


  Imediatamente olhei na direção da voz e prendi a respiração. Haviam duas garotas, a primeira era alta, tinha uma tala em um dos braços e seu cabelo, antes longo e liso, agora estava na altura dos ombros com metade dele completamente raspado onde um curativo ocupava o lugar; seu nome é Lya, filha de Hipnos e estava de frente para sua irmã Lilian, que tinha um suporte nas costas e se encontrava em uma cadeira de rodas...


-Ah não...


  Era um alivio ver que Lilian não morrera quando fora arremessada pelo centimano, mas o que ele fez... era praticamente uma sentença de morte para um semideus...


  Abaixei a cabeça não suportando mais olhar para a cena das duas e o que a vida delas se resumira...


Quantos outros se encontravam em uma situação ainda pior...?


Quantos mais de nós teriam que morrer?


Quantas vezes ainda seriamos traídos pelas pessoas em quem confiávamos?


Como venceríamos dessa vez?


  Respirei fundo e tentei passar a mão no cabelo, mas um leve bipe me fez virar e olhar para o aparelho que estava conectado ao meu braço. Franzi a sobrancelha tentando entender como eles haviam trago tantos equipamentos do hospital antes que ele fosse tomado pelo exército de Tártaro...


  Olhei ao redor vendo que todos continuavam ocupados demais cuidando ou sendo atendidos para repararem no pequeno barulho em meio a todo o resto. Me concentrei em meu braço e arranquei com calma o medidor e imediatamente o som dos batimentos sessou no aparelhinho, sendo substituído por um bipe constante que sempre acontece quando a pessoa...


-Aonde pensa que vai?


  Olhei assustado na direção da voz e dei de cara com outro filho de Apolo de braços cruzados e uma expressão séria.


-Ah, oi Allysson. –Acenei e comecei a me levantar tentando parecer bem. –É muito bom saber que está... inteiro... –As coisas começaram a girar e eu quase caí, porém, tentei disfarçar fingindo me apoiar no criado mudo ao lado, o que não foi uma boa ideia, já que meu pulso começou a formigar. –Mas tenho certeza que deve estar ocupado demais então não precisa se preocupar que já estou de saída.


  Fiquei totalmente ereto, mas dessa vez não pude deixar de soltar um gemido com o leve estalo que senti nas costas.


  Ele levantou uma das sobrancelhas. –E tenho certeza que Corina está de acordo.


-Claro. –Respondi sério.


  Allysson balançou a cabeça e depois me olhou de cima abaixo, o que me fez fazer o mesmo e só então percebi que tinha uma enorme faixa enrolada envolta do meu tórax, mais três curativos nas pernas e uma munhequeira no pulso esquerdo. Isso explicava muita coisa...


-Você não tomou o remédio.


  Aquilo era uma afirmação e me segurei para não olhar para trás na direção do meu travesseiro, mas sabia que não iria conseguir enganá-lo, então resolvi ser honesto.


-Olha. Eu te conheço e você também sabe como eu sou, todos temos coisas demais para fazer e milhares de problemas para resolver, e eu saindo daqui terá uma maca extra para quem realmente precisa e um paciente a menos para se preocuparem, então...


  Allysson continuou a me encarar parecendo pesar minhas palavras; mas vi a mesma expressão de Corina e sabia que ele não retrucaria; então pegou um bloquinho semelhante ao da garota.


-Apenas peça a sua mãe para te fazer um chá de Valeriana para ajudar a controlar a ansiedade e estresse, um de canela para as dores musculares e... –Ele torceu um pouco o nariz. –E depois do banho passe um óleo de lavanda em todos os hematomas que não estejam com pontos.


Ele me entregou o papel e peguei confuso. –Nada de néctar ou ambrosia?


-Nosso estoque é escasso e você já ingeriu uma quantidade extremamente arriscada.


-Certo. Obrigado. –Falei e Allysson se limitou a balançar a cabeça.


-Se cuide.


Concordei. –Você também.


  Então me dirigi até a saída enquanto ele voltava a se concentrar nas centenas de pessoas que gemiam e reclamavam de dor depois daquela devastadora derrota em nossa primeira luta contra Tártaro...










 -Aquela é a ala dos menos feridos. –Arthur apontou para uma abertura alguns centímetros do corredor onde estávamos. –Vi tia Annabeth entrando lá há alguns minutos.


-Valeu garoto.


  Fechei a mão e ele bateu ajeitando o elmo que insistia em usar mesmo enquanto ajudava minha mãe a preparar o jantar, pois "A última guarda do acampamento deve estar sempre preparada".


-Agora vou voltar para o meu posto. –O garoto falou sério e fez pose de soldado.


  Ri quando o capacete caiu no rosto de novo. –Não deveria ir descansar junto com as outras crianças?


-Eu não sou mais uma criança! –Arthur me encarou sério.


Levantei uma das sobrancelhas. –Você tem sete anos, então ainda é sim.


-Vou fazer aniversário mês que vem!


-É. Oito anos, o que ainda é considerado uma criança....


  Ele cruzou os braços e levantou um pouco os pés tentando parecer mais alto. –Nós ajudamos a defender o hospital contra aquele exército do mal, carregamos os aparelhos e alguns pacientes até o navio do meu irmão, e estamos fazendo o jantar com a tia Sally e o tio Paul para todos os campistas! Não somos mais crianças!


 O encarei tentando esconder a surpresa misturada com desapontamento e um pouquinho de orgulho. Respirei fundo e me abaixei até ficar do seu tamanho podendo ver mais de perto alguns sinais da batalha que ele enfrentara.


O olhei sério. –Qual é uma das primeiras regras que aprendemos na esgrima?


  Arthur arregalou os olhos castanhos, então baixou a cabeça um pouco envergonhado. –Não se vanglorie de seus atos, pois isso não irá torna-los mais heroicos...


  Concordei com a cabeça e coloquei a mão em seu ombro. –Vocês foram a melhor barreira que poderíamos ter escolhido para defender aqueles que já haviam dado tudo de si para mantê-los salvos. –Ele voltou a me encarar. -Mas não se esqueça que um pequeno grupo não faz tanta diferença se não estiverem unidos e trabalhando em conjunto e que...


-Um esgrimista cansado ou ferido não pode ajudar seus amigos...


  Sorri para ele o levando a fazer o mesmo. –É isso aí. Sem contar que não precisam deixar de ser criança para virarem pessoas corajosas, o fato de serem novos e parecerem fracos é o que faz de vocês armas mortais para os inimigos sádicos e tapados que os subestimam.


Arthur fungou e limpou o nariz. –Eles são uns bocós!


Ri me levantando. –Os maiores que já tivemos o desprazer de conhecer.


  O garoto também riu concordando, e ajeitou o elmo novamente. Passei a mão no cabelo ignorando a dor no braço e os emaranhados, então fiz pose de líder.


-Agora chega de conversa. Temos trabalho a fazer!


Seus olhos brilharam. –É sério?


  Balancei a cabeça. -Como seu professor de esgrima e orientador ordeno que leve seu pelotão para um dos quartos e descansem até a hora do jantar!


  Imediatamente o brilho se apagou, mas antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ele concordou.


–Sim senhor!


  Arthur bateu continência e depois de ajeitar o capacete pela milionésima vez saiu em disparada pelo corredor.


  O observei se afastar tentando manter o humor da conversa, mas sabia que assim que entrasse por aquela "porta" a realidade viria a tona novamente...


  Respirei fundo e prossegui, jogando de lado a dor de cada passo que dava e adentrando no lugar.


-Percy!


  Imediatamente tudo ao redor desapareceu e eu só via ela... seus cabelos soltos e bagunçados, ainda com a roupa rasgada e suja da batalha, ambas as mãos com a mesma faixa preta que eu estava usando, curativos em toda parte e... o sorriso mais lindo que já vira!


  Não pude deixar de sorrir também e caminhei até ela, seus olhos cinzentos tempestuosos estavam fixos nos meus, olhei para sua testa que possuía um curativo, porém não me demorei muito ali, pois seus lábios prenderam toda a minha atenção, mas antes que acabasse com a distância, Annabeth os abriu.


-Percy...


  Meu coração disparou apenas com o som do meu nome. -Sim...?


Ela então torceu levemente o nariz. -Você está cheirando a ferrugem!


  As risadas dos outros foram altas, mas continuei a olhá-la meio perplexo, então semicerrei os olhos.


-É. Mas você me ama do mesmo jeito.


  Então a beijei tão intensamente quanto foi possível, e pude ouvi-la suspirar no meio do beijo.


-Eu até gosto de fogo, mas vocês dois são demais! –Leo gritou de algum lugar me fazendo voltar a realidade.


Eles riram novamente e fomos obrigados a nos soltar. Annabeth fez o mesmo e entrelaçou nossas mãos.


-Terminamos mais tarde.


-Não temos muita opção. –Dei de ombros a fazendo sorrir e revirar os olhos.


  Nos voltamos para onde os outros estavam e foi só naquele momento que finalmente reparei no local com mais atenção.


  Era bem menor do que a outra sala, e não haviam macas ou pessoas andando de um lado para o outro, apenas poucos grupos de campistas sentados no chão em pontos aleatórios da caverna com um enfermeiro os atendendo. Tudo estava bem mais silencioso também, e a iluminação era perfeita, apesar de considerar impossível ter tanta energia assim em um lugar como aquele...


  Fiquei mais aliviado ao ver todos os meus amigos lá... pelo menos grande parte deles... Tainara eu vira de relance junto com a sua irmã no hospital; Will provavelmente também estaria lá... mas não tinha notícias de Nico, dos Stolls ou das irmãs Gardner's (Travis as apelidou desse jeito quando eles começaram a andar muito juntos) desde que as coisas começaram a piorar...


-Finalmente você acordou cara! –Leo se levantou em um pulo, com exceção de alguns arranhões ele parecia muito bem, e estava até limpo levando em conta a recente batalha...


Será que tinha chuveiros aqui também?


Meu corpo formigou com a possibilidade de tomar um banho...


–O clima já estava ficando pesado aqui pela quinquagésima vez, não sei quanto tempo mais eu ia ter que salvar o humor deles. –O garoto completou com aquele sorriso travesso.


-Mais um pouco você seria expulso daqui isso sim. –Calipso também levantou tirando risadas dos outros. Ela emanava cheiro de sabão e canela.


-Então da próxima vez demoro mais. –Provoquei levando uma fulminada do garoto e mais risadas deles. –Mas falando sério. É bom saber que vocês estão relativamente bem e... –Analisei melhor e vi que, com exceção de mim, Annabeth e Luke, todos estavam de banho tomado. –Limpos...


  Mais risos, eles estavam de muito bom humor para pessoas que acabaram de perder tudo... mas Leo falou que o clima oscilava e... bom... estávamos vivos e juntos.... Pelo menos a maioria...


-Não se preocupe que vocês também terão a honra de tomar um merecido banho.


  Júlio falou tentando parecer com o mesmo humor dos outros, mas pude ver que uma de suas mãos não saia de cima de seu tórax e, diferente dos outros que levantaram de uma vez, o garoto se demorou um pouco mais e Reyna o ajudou discretamente...


Pera....


-Mas só depois de conversarmos. –Hazel completou sorrindo. Mas não reparei muito, já que meu foco estava em....


-Reyna? –Falei e ela me cumprimentou.


-Parece que vocês passaram por maus bocados né... –Imediatamente sua expressão ficou abatida. –Sinto muito não termos chegado antes, mas quando Melyssa apareceu estávamos no meio de uma reunião em Nova Roma com relação as medidas que iriamos tomar para com os espiões e... foi tudo muito rápido, sem contar que a Sra. Oleary não podia levar mais do que cinco de uma vez...


  Comecei a vasculhar em minha mente tudo que acontecera, mas as coisas estavam confusas e embaralhadas demais, porém um pequeno vislumbre de eu carregando Melyssa em cima da Sra. Oleary e dizendo para buscar...


–Tyson veio com vocês?


-Era para ele vir na segunda remessa, mas como chegamos e fomos ajudar na evacuação eu havia pedido que caso acontecesse alguma coisa ele deveria assumir o meu lugar...


Arregalei os olhos. –Tyson está liderando o acampamento Júpiter?


Ela me encarou confiante. –Junto com Ella e a única pessoa em quem consigo confiar quando Frank e Hazel não estão.


-Mas como os romanos reagiram a isso?


  Reyna deu de ombros. –Situações extremas pedem medidas desesperadas, e Tyson passa tanto tempo lá que as pessoas já se acostumaram com sua presença, sem contar que ele é um ótimo líder, caso alguém se oponha tudo o que tem que fazer é triplicar seu tamanho e pronto.


  Meus olhos brilharam ao escutar aquilo, meu irmão tinha sido elogiado pela pretora do acampamento e ainda foi confiado a liderança de Nova Roma... como eu queria que ele estivesse aqui para parabenizá-lo...


-Ele pediu para mandar um oi e dar um abraço bem apertado em vocês em seu lugar, e falou que torcia por nós.... Eu disse que daria os recados.


Ri sabendo o que ela queria dizer. –Obrigado.


  Ela balançou a cabeça e então todos voltamos a nos sentar em uma roda, reparei que Júlio preferira ficar encostado na parede e fazia o possível para parecer neutro; Luke também não estava muito diferente e aceitou de bom grado a ajuda de Thalia para se acomodar no chão, os hematomas em seu rosto haviam melhorado, mas suas pernas estavam enfaixadas quase que completamente, assim como um dos ombros....


-Onde está Quiron e os outros? –Perguntei assim que todos passaram a prestar atenção.


-Quiron não se feriu muito durante a batalha e agora está em uma "reunião" com seus primos para tentar convencê-los de ficar...


-Os centauros estão aqui? –Interrompi Frank que concordou.


-Eles chegaram pouco antes das coisas piorarem, graças a um chamado do diretor.


-E Nico, os Stolls e as irmãs Gardner's?


  Nesse momento Annabeth e Leo abaixaram a cabeça, mas antes que eu pudesse questioná-los, Hazel respondeu.


-Meu irmão disse que precisava entrar em contato com alguém e sumiu nesse labirinto de corredores.


-E não vejo os quatro desde que chegamos... -Frank franziu as sobrancelhas.


  Vi que Calipso apertara a mão de Leo e sabia que havia algo de errado naquilo, mas ainda tínhamos muito mais a discutir e se tivesse ocorrido algo de grave eles avisariam.


-Esse lugar é realmente enorme. –Calipso comentou.


-Afinal de contas, que lugar é esse?


-Esse, meu caro amigo. –Leo me encarou fazendo uma expressão esquisita com uma voz meio pomposa. -É só simplesmente a caverna subterrânea mais irada do Mundo!


-Ok... pelo jeito você já a explorou...


-Ta brincando comigo? Mas é claro que sim! –Leo começou a ficar cada vez mais empolgado e seus olhos brilharam. –Estou doido para saber como é possível que algo dessa proporção fique fora do radar dos deuses e monstros e ainda seja tão grande que não encontrei o final dela.


  Olhei para Júlio que possuía um discreto sorriso de orgulho enquanto Leo falava. –Porque não perguntamos para o provável criador disso aqui?


  Todos viraram suas cabeças em direção ao garoto que mantinha a expressão, mas se acomodou melhor na parede. –Na verdade a história é bem interessante...


Leo cruzou as pernas e se aproximou, o que me fez rir um pouco, assim como os outros.


-Estamos na Croácia em Split. –Ele começou e arregalei os olhos só com aquelas palavras. –Essa imensa caverna subterrânea, como nosso querido amigo ressoou, é a nascente do rio que banha toda a cidade e o único jeito de entrar por aqui é se você souber respirar debaixo d'agua e ter uns vinte centímetros.


-Mas então conseguiriam entrar aqui caso estivessem procurando? -Annabeth questionou, já que nossos inimigos podem assumir a forma que quiserem.


-Na verdade, o pretor mesmo seria um dos que conseguiria entrar... na primeira parte da caverna... –Júlio comentou em tom descontraído. –E como não há nada além de uma cama de pedra e algumas latas de comida vazias ele logo perderia o interesse e ficaria desapontado por ter viajado tão longe e enfrentado tantas armadilhas para aquilo...


-Pera. –Leo falou. –Armadilhas?


Reyna franziu a testa. –Você não me disse que tinha armadilhas.


  Júlio coçou a nuca e sorriu constrangido; ficava impressionado como ela conseguia tirar toda a pose dele com simples palavras. –É que, bem... nós ainda não estávamos juntos e eu não confiava totalmente em você na época, sem contar que tinha acabado de descobrir que havia me apelidado de "Pedaço de grama ambulante"!


  Eu, Leo e Luke rimos com isso, mas antes que pudéssemos dizer qualquer coisa Reyna tomou a frente.


–Em minha legitima defesa eu não sabia que você era capaz de falar com os cavalos!


-Aquilo também era meio que um segredo...


-Até eu já sei disso cara, e olha que voltei um mês depois de vocês. -Leo falou e Calipso o cutucou.


  Júlio fulminou Luke que apenas deu de ombros, mas acho que aquilo não foi muito bom, já que ele soltou um gemido e fez uma careta, o que acabou por afastar o humor da situação.


–Esse lugar era apenas uma lenda, diziam que a pessoa que fosse capaz de passar pelos guardiões das profundezas, criados pelo próprio Poseidon. –Ele me encarou e arregalei os olhos. –Adentrasse pela única abertura existente e, encontrasse a parede que o traria para a verdadeira caverna...


-Poderia fazer um pedido? –Leo atrapalhou e Júlio o olhou com um sorriso e as sobrancelhas arqueadas.


-Na verdade não é tão fácil assim. Você ainda teria que localizar as "águas mágicas de Hécate". Para então se banhar nelas e ter o poder para fazer qualquer coisa que quisesse.... –Ele ficou com o olhar distante. –É óbvio que não podemos acreditar em qualquer história que se escuta por aí.... Mas acabou que a viagem não foi tão inútil assim... depois que me encontrei com Luke e Tainara esse lugar foi nosso esconderijo por um bom tempo e servirá para a mesma finalidade agora.


-Ela tem uma espécie de proteção que impede qualquer um que a gente não queira de rastreá-la... assim como pode deixar o caminho mais fácil para aqueles que queremos, como foi o caso com Nico, Hazel e a Sra. Oleary.


  Era a primeira vez que Luke falara e isso me fez prestar ainda mais atenção nele, então as imagens começaram a rodar em minha mente novamente e lembrei-me do motivo de Annabeth ter ido até o exército de Tártaro ao invés de fugirmos e como as coisas haviam começado a ficarem ruins...


-Como vocês conseguiram descobrir a verdade sobre... o traidor?


-Foi tudo um plano de Luke desde o início.


Júlio respondeu e todos os olhares recaíram sobre o garoto que encarou o amigo com uma careta... ou estava com muita dor...


-Como assim? –Thalia questionou.


  Luke se ajeitou fazendo outra careta. –Logo depois que os campistas que iriam participar da missão secreta foram internados, tivemos razões para acreditar que poderíamos ser acusados de algum envolvimento... então resolvemos agir. Pedi que Júlio e Tainara fossem até o escritório de Annabeth e copiassem os arquivos de todos os semideuses do acampamento...


-Vocês conseguiram... –Parei no meio da frase me recordando dos vários feitos daqueles três, então me calei fazendo sinal de que ignorasse.


-Escolhemos alguns campistas que pareciam ser os mais prováveis e nos separamos para os seguirmos.


-Quem eram? –Thalia perguntou e vi que, pelo seu semblante, ela já imaginava.


-Natália Strider, Sinara Raquel, Sherman Yang, Pedro Miller, Isabela Freitas e... –Júlio olhou de relance para Thalia.


-Jason!


Os dois concordaram e um silêncio caiu sobre todos, até Leo parecia ter perdido a vontade de fazer piadas...


"O que carrega a marca dos titãs a todos irá trair..."


  Mandei as imagens para longe e tentei voltar ao assunto. –Mas o filho de Nemesis e a de Hécate não estavam junto com os outros quando eles atacaram...


–Os nossos métodos de eliminação possuíam muitas falhas, mas era o melhor que poderíamos fazer com o tempo que tínhamos. –Júlio deu de ombros. -Havíamos descartado o filho de Hefesto durante a segunda eliminatória e ele estava na linha de frente dos espiões.


-Christopher foi realmente uma surpresa em tanto. –Leo admitiu.


  Luke concordou e continuou. -Passamos dois dias seguindo os suspeitos, mas eles eram muito discretos e Sinara e Sherman haviam adoecido então não tínhamos mais tanta certeza deles, e Jason... além de um fardo de refrigerantes com uma coloração diferente que encontrara em seu chalé, do qual nem mesmo suspeitamos de início, não havia mais nada que o incriminasse. –Thalia franziu a sobrancelha com a descoberta, mas não falou nada. -Foi quando resolvemos nos concentrar no antidoto que também estava sem resultados, o que me levou a ir até o hospital naquela noite e quando Jason também apareceu lá dizendo que Quiron deixara ir ver a irmã e que a enfermeira de plantão não deixou Thalia tomar o refrigerante que ele levara...


-Viu que havia algo errado. –Frank falou e Luke concordou.


-Ainda passei na recepção e vi que na verdade era o enfermeiro Luan que estava lá, então cuspi a coca que bebi e levei o resto para o chalé de Tainara...


-Daí ao invés de seguirmos com o plano de coletar seu sangue, mudamos o rumo completamente para deixar ele apanhar e ser humilhado. –Júlio tentou falar em tom de brincadeira, mas pude ver que ele não havia concordado completamente com o plano.


-Pedi que Júlio detectasse os componentes daquele refri e descobrimos que havia uma espécie de "feitiço controlador" então formulamos...


-Você formulou. Não quero os créditos do que aconteceu, e Tainara também não.


  Luke comprimiu os lábios, mas não respondeu. -Segundos depois, Clarisse e Sherman começaram a gritar meu nome após Douglas ter encontrado aquele frasco nas minhas coisas, então colocamos o plano em prática.


-Mas como tinha tanta certeza de que deveria agir daquela forma? -Thalia questionou.


-Por conta do tipo do feitiço e de todas as atitudes dele nos dias anteriores...


-Jason queria que você apanhasse também? -Hazel perguntou parecendo pensativa.


  Luke ia dar de ombros, mas parou. -Na verdade não tínhamos 100% de certeza de todos os efeitos, porém deduzi que, por sua... convicção... e pelo meu próprio caráter de culpa... não perderia a oportunidade de juntar ambas as situações...


-E como soube a hora exata de admitir o erro? -Foi Annabeth quem fez a pergunta.


  Luke olhou diretamente para Thalia e por um segundo ambos ficaram se encarando, o que foi um pouco estranho (agora entendi o Léo), então o garoto falou.


-A palavra-chave deveria vir de alguém importante para mim, e nada melhor para terminar a humilhação do que fazer com que eu desapontasse novamente a garota que eu amo após ela tentar me defender.


  Os olhos de Thalia brilharam tanto que acho que até quem estava do outro lado da caverna conseguiu ver! Mas o pior veio depois quando ela simplesmente suspirou!


Thalia Grace suspirou na frente de todos!!!


  Se fosse em outras circunstâncias teria dito algo para não perder a oportunidade, mas ainda tinha mais coisas para conversarmos...


-Se foi tudo um plano desde o início, então por que agiram daquela forma quando estavam "sozinhos" no porão?


  Júlio sorriu de lado. -Àquela altura do campeonato não poderíamos dar chance para o azar, e por mais que você não soubesse muito dos ocorridos e tivesse sido solidário ao nos deixar vê-lo, resolvemos agir discretamente.


-Vocês fizeram o mesmo feitiço de clonagem que usaram quando chegaram no acampamento para combinar o plano depois de suspeitarem que iríamos interrogá-los. -Hazel falou e ambos concordaram.


-Mas não foi a todo o momento. -Luke completou. -No porão, por exemplo, achamos arriscado.


-E nos estábulos também não foi necessário já que os cavalos poderiam nos avisar.


-Mas depois disso, vocês três saíram e Connor se separou dos dois que foram para o refeitório encontrar Luke e Júlio estava de burca, o que foi muito suspeito... -As imagens começaram a brilhar em minha mente. -E então na mesa os movimentos de vocês ficaram monótonos e passaram um bom tempo apenas tentando convencer Luke de reagir, só que do nada um pequeno broto surgiu no pé da mesa e segundos depois os dois saíram...


-Usei o feitiço de clonagem e transporte, para que Tainara, Connor e eu pudéssemos conversar com Luke a sós no chalé dela.


-Connor? -Franzi a sobrancelha. -Ele ficou esperando vocês no chalé 23?


  Júlio estava prestes a responder, mas Frank falou. -Ele deve ter ido para lá depois dos estábulos e como perdemos os dois na floresta depois do... -O grandão passou os olhos rapidamente por Júlio e Reyna, então pareceu ficar com um pouco de raiva por alguns segundos, mas se recompôs. -E por isso o avistamos saindo...


-Na verdade... -Julio se ajeitou ao lado da garota parecendo ter percebido exatamente o porquê da hesitação de Frank. -Um dos motivos de eu ter colocado aquela burca foi para não ter que fazer o feitiço de transmorfo em Connor também...


Todos, exceto Luke e Reyna, franziram a sobrancelha e o encararam.


-Como assim? -Thalia questionou.


-Bom, eu precisava fazer o feitiço de transporte e clonagem, então não poderia estar na mesa junto com eles, mas seria suspeito caso não estivesse, então juntei o fato de estar com a roupa queimada e Tainara ter feito a piada da burca, com a aparição inesperada de Connor para que não desconfiassem de nada e tudo que precisei acrescentar foi um feiticinho a mais de transmorfo para me parecer com Connor quando saímos dos estábulos.


Troquei olhares com todos os outros e me voltei para o garoto que parecia muito satisfeito por ter esclarecido.


-Então não era você na floresta com Tainara?


-Posso te garantir que seja lá o que vocês viram foi entre minha irmã e Connor e... -Foi a vez dele se franzir as sobrancelhas. -O que vocês viram?


  Antes que qualquer um de nós respondesse Will adentrou a porta andando rápido em nossa direção, o que fez com que todos (que conseguiram) levantassem em um salto.


-Você está bem?


Perguntei vendo a mesma expressão dos outros médicos e a roupa toda ensanguentada.


-Tão bem quanto qualquer outro, mas não temos tempo para isso. Fico feliz de saber que a maioria não precisou fugir das macas e que estão bem também. -Will olhou para mim, Luke e Júlio que provavelmente eram os que deveriam ter ficado. -Mas me disseram que estavam aqui e achei que iriam querer saber sobre a situação...


-Por favor. -Falei ansioso.


-Todos os que estavam sob encanto e foram tragos para cá já estão "curados" e a maioria sob repouso... inclusive Piper.


Arregalei os olhos com um misto de surpresa e felicidade. -Piper está bem?


-Ainda não sabemos se eles se lembrarão do que aconteceu e nem como irão reagir, mas temos esperança de que voltem relativamente bem...


-E quanto aos outros campistas?


Will fez uma pausa e tomou ar. -Conseguimos concluir a contagem das baixas...


Senti meu pulso latejar, mas continuei firme. -Quantas?


-200.


-200? -Arregalei os olhos.


-Ainda não dá para ter certeza, foi uma estimativa de todos os que não retornaram da batalha entre ninfas, sátiros, centauros, caçadoras e semideuses...


-E... como está a nossa situação... aqui? -Me preparei para outra bomba.


-Temos 10 ainda desacordados, 25 feridos, mais 12 em estado grave e nenhuma...


  Neste instante outro médico entrou a passos largos dando um leve cumprimento para todos e cochichando algo no ouvido de Will que coçou a cabeça e pareceu envelhecer uns dez anos.


Minhas esperanças caíram por terra novamente.


  Ele esperou que o garoto fosse embora, então esfregou os olhos e respirou fundo. -Na verdade são 11 em estado grave e uma morte confirmados até agora.


  Meu sangue congelou e senti a respiração de todos travar. Minha garganta ficou seca enquanto formulava a palavra que mais temia pela resposta...


-Quem?


-Katie Gardner!  


- -- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - 


Notas Finais: 


NÃO ME MATEM AINDA 😬😬

Infelizmente as consequências desse primeiro encontro estão longe de acabarem por aí 😢😢... sem contar que eles ainda precisam urgente descobrir um jeito de sair dessa o que, convenhamos, vai ser difícil... 😬😬

  Mas ao mesmo tempo que tem muito chão pela frente, a história está chegando em suas retas finais então se preparem que a confusão vai rolar solta por aqui kkkk 💃🏻💃🏻

Super ansiosa para saberem o que acharam desse capítulo, tenham uma boa semana e até a próxima 😉❤❤


★♡★  

Comment