Capítulo 1: A Dama da Areia

Após algum tempo eles já haviam deixado a trilha, e caminhavam pelo longo deserto


— Quem aquela garota pensa que é?


Ela dizia irritada, por estar se sentindo humilhada por ser chamada de fraca


— Eu não sei, mas ela realmente me irritou também.


Está que indagava a opinião, era uma das pessoas que assistiram a discussão a pouco. Uma garota baixa de olhos e cabelos cor de avelã, seu rosto sutil e corpo sem muitas curvas que era coberto por vestes gastas.Junto a elas também estava um garoto de cabelos castanho, e olhos negros que não possuíam nenhum brilho, este ficou em silêncio por todo percurso.


— Stink fale alguma coisa.


A garota cutucava as bochechas dele enquanto o provocava, porém ele sequer mudava a expressão


— Pare com isso, Mw, deixa ele quieto.


Ela sorria descontraidamente enquanto falava, mas ao ver uma silhueta longe no deserto o sorriso logo cessou.Estava distante, e mal poderia identificar, tudo que conseguiam saber era se tratar de uma mulher, ela estava na trajetória do sol, o que dificultava manter o contato visual. Conforme eles andavam em sua direção, começaram a sentir seus corpos pesados a medida que se aproximavam.


— Quem é ela, Eve?


Ela perguntava, já ofegante e com dificuldade para falar— Eu não sei.Ela também estava no mesmo estado de sua amiga, contudo tentava manter a postura para não preocupá-los ainda mais


— Então vocês realmente vieram?


Eles escutavam uma voz feminina e doce vindo daquela pessoa, com uma ternura que contrastava com o peso que sentiam naquele momento. Ao se aproximar o suficiente para que vissem seu rosto, perceberam ser uma bela mulher, com rosto sutil, e um corpo invejável, trajada como uma verdadeira dama, o que parecia estranho, já que estavam em um deserto.


— O que você fez conosco?


Ela perguntava com uma voz cansada, mal conseguindo pronunciar as palavras devido ao esforço extremo.


— Eu não fiz nad...


Ela se lembra de algo muito importante no meio de sua resposta.


— Precisamos sair daqui, depois eu explico.


Ao terminar de falar ela abraça os três, e em questão de um piscar de olhos eles desaparecem, e surgem em um vilarejo distante.O lugar era todo cinza, com ruas estreitas, e uma incessante cortina de vapor, que mantinha o lugar similar a uma sauna. Isso seria capaz de matar uma pessoa desavisada em questão de horas, porém os três aparentemente cresceram em um lugar igualmente quente, o que não os afetava.Eles estavam confusos com o que acabou de acontecer, porém continuaram a segui-la em silêncio. Ela os guiava por lugares que fariam homens corajosos temerem. Vielas minúsculas, becos perigosos. Após toda essa andança, chegam em frente a uma loja que parecia estar em estado precário.


— O que vamos fazer aqui?


A garota perguntava já prestes a perder a consciência


— Vim comprar algo de uma amiga.


Ela falava com um tom de voz tão confortante que parecia acalmar as dores que eles sentiamSem muita demora eles entraram, ao abrir a porta, um tanto que antiga, um alto barulho foi produzido, o que irritaria os ouvidos de qualquer pessoa, porém ela parecia normal perante a isso, aparentemente já estava acostumada. A loja era pequena e antiga, com inúmeras armas, e armaduras empilhadas, e algumas até espalhadas pelo chão, o lugar estava uma verdadeira bagunça. Caídos sobre o balcão estavam infinitas pilhas de tralhas, e junto a elas deitada sobre aquele amontoado de lixo, estava um garota de cabelos rosas, ela aparentemente estava dormindo.


— Olá, Reena.


Ela batia com força no balcão, acordando a garota, enquanto sua sútil voz contrastava com um olhar penetrante que tinha no momento


— Ah, Yuuta é só você?


Ela a olha atentamente por alguns instante, e rapidamente volta a dormir


— Ei sua ferreira inútil, acorda isso é importante.


Ela dizia em um tom de voz tão manso, que mais parecia uma canção de ninar, o que deixava a garota com mais sono


— Com licença voc...


Antes que ela pudesse completar a frase seu corpo havia chegado ao limite, o que a fez desabar sobre os pés de seus amigos.


— Mw? O que está acontecendo? Alguém ajude ela.


Ela implorava desesperada por ajuda, já que sua amiga estava ali caída logo a sua frente e não podia fazer nada.


— Então é pra isso que você veio aqui, Yuuta? Tome entregue isso a eles, é de graça, mas deem o fora daqui.


A garota que a pouco estava dormindo sobre as tralhas, aparece com três flascos contendo um líquido transparente. Ao recebê-los sem exitar Yuuta faz os três tomarem, ajudando Mw que estava inconsciente.


— O que era isso?


Ela perguntava ainda cansada, mas já percebia que a fadiga de seu corpo estava lentamente diminuindo


— Esse é um antidoto. Não imaginei que vocês tentariam cruzar aquele deserto sem nenhuma proteção...Ou vocês sequer sabiam que aquelas areias eram venenosas?


Ela parecia incrédula em pensar que ainda existiam pessoas que tentavam cruzar aquele deserto de maneira tão desleixada


— Mas quem é você, afinal?


Ela perguntava um tanto que desconfiada


— Eu sou Yuuta Satokke, e vim a pedidos de minha veterana, Yui. Aparentemente ela já havia os encontrado, e me pediu para os ajudar.


"Então foi por conta daquela garota" pensava Eve, enquanto ouvia a explicação.—


 Ah. Ela me deixou um recado. "Diga a ela que os fracos devem tomar cuidado".


Ela rapidamente percebeu o semblante de ódio da garota a sua frente, e estava curiosa sobre o que havia acontecido entre as duasAlgum tempo se passou, todos ali já haviam se apresentado de sua maneira, e finalmente Mw acorda.


— Que? Hem? Onde eu estou?


Ela acordava confusa, olhando para todas as direções, e fazendo avalanches de perguntas. Quando finalmente sua memória se ajusta, e lembra-se estar sendo guiada por uma desconhecida


— Que? O deserto era venenoso? Desculpas, desculpas, desculpas.


Ela falava gritando, o que era irritante, assim como a quantidade abusiva de desculpas que ela pediaA conversa estava leve, até o clima ficar tenso quando citaram que não haviam onde morar.


— Ei, Reena você mora sozinha aqui, né?




— Onde quer chegar, Yuuta?


Ela perguntava já entendendo onde as intenções de sua amiga estavam sugerindo


— Você poderia cuidar dessas crianças?


Os três pensavam "Nos temos a mesma idade" , mas abdicaram de falar


— E o que eu ganho com isso?


Ela perguntava com um olhar ganancioso


— Hmm... Se ele aparecer eu o mandarei embora, e...




— Fechado!!! Contudo que eles também me ajudem no trabalho...


Antes mesmo que a garota terminasse a proposta já havia sido aceita. E foi assim que essas três pessoas passaram a trabalhar na loja Bad Smile.

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