Devil: Thomas e Sylvia


          As vezes você faz coisas tão ruins, que nem o céu nem o inferno te querem lá.
Archer


Thomas


Abri meus olhos pela primeira vez desde que cheguei naquele inferno, tudo estava escuro e tinha um cheiro de morte terrível , parecia carne em decomposição, tudo estava em silêncio, tinha outras pessoas comigo mas não ousei falar com elas, o silêncio se quebra quando uma voz extremamente grossa fala bem alto.


- Bem vindos pessoal, eu sou o Archer dono desse lugar todo, vocês estão aqui simplesmente porque, o pecado de vocês foi tão grave, que nem o céu e nem o inferno quiseram ficar com vocês.


Por mais que a voz era alta não consegui ver de onde vinha, a voz então torna a falar.


- tenho duas regras apenas , vocês tem que fugir daqui, e sobreviver ao meu bichinho de estimação - ele solta uma gargalhada tenebrosa


"Certo deixa eu ver se entendi, tenho que fugir daqui mas também tomar cuidado com um tipo de fera ? Se era só isso é moleza sair daqui", mas enquanto ficava pensando o tal do Archer veio falar comigo com tom sarcástico.


- acha fácil sair daqui ? Ahhh é fácil sim, é muito fácil sair daqui , só tome cuidado com as portas que abre, pode vir algo bom, mas também algo ruim pode vir.


Antes que eu pudesse responder ele sumiu, depois disso Archer começou a explicar uma última coisa.


- minha fera vai ser solta em quinze minutos, então cuidado, sem mais explicações bom jogo !


Depois disso fui teletransportado para dentro de uma sala de aula escura, com certeza a fera já havia atacado aqui, tinha bastante sangue nas paredes e marcas de garra, olho para todos os lados , estava tudo escuro mas a lua ilumina pela janela e consigo ver a porta , vou até ela a giro a maçaneta , nada acontece, xingo tudo que existe em minha mente, teria que fazer algo para fugir dali, mas antes eu precisava arrumar uma iluminação.


- garoto esperto - Archer cochicha no meu ouvido .


Ando pela sala toda, abro os armários e estavam vazios, continuo procurando algo que possa me ajudar, vou até a mesa do professor e lá tinha uma gaveta, abri ela e dentro havia uma lanterna, a seguro na mão e aperto o interruptor, a luz sai da lanterna iluminando minha frente, "certo agora eu tenho uma lanterna, mas e a chave da porta ? Preciso sair daqui", começo a procurar pela sala toda mas não acho nada, volto até a porta e giro a maçaneta, a porta não se abre, meu corpo começa a tremer pois se desse quinze minutos e eu não tivesse saído de lá eu ia morrer, continuo procurando, ilumino o chão para procurar pistas , Archer estava em silêncio, tinha certeza que havia outras pessoas ali também , mas não tinha certeza se era uma boa ideia se aliar a elas, enquanto procuro Archer cochicha no meu ouvido.


- um cadáver uma porta, a saída está mais próxima


"Um cadáver ? Mas não havia cadáver nenhum ali", enquanto passo a lanterna pela sala, vi algo de relance perto da mesa do professor, me aproximo e vejo uma pessoa morta com um buraco na barriga, meu estômago revira e eu me sinto enjoado.


- se sente enjoado ? Engraçado enquanto estava vivo , matar crianças não lhe fazia ficar enjoado - Archer falou no meu ouvido.


Era por isso que estava ali, matei crianças a vida toda, e agora estava sentado julgado, estico minha mão e procuro nos bolsos do cadáver até que seguro algo, tiro minha mão do bolso dele e a abro, eu havia encontrado a chave da porta, continuo procurando até que encontro um papel, guardo no bolso e vou até a porta , coloco a chave na fechadura e giro ela, abro a porta e saio dali, eu estava dentro de uma escola então era normal ter várias salas, sigo um corredor até a porta principal de saída, giro a maçaneta e ela estava trancada como eu imaginei , volto pelo corredor e decidi olhar todas as salas.


- já se foram cinco minutos garoto - Archer anuncia


A fera estava para ser solta, continuo verificando cada porta até encontrar uma que estava aberta , meu corpo se arrepia como se não fosse pra eu entrar ali, tomo coragem e entro , a porta atrás de mim se fecha e eu trato de verificar se ela estava aberta , pra meu azar ela havia se trancado , ilumino a sala com a lanterna e procuro algo que possa me ajudar , a sala estava limpa e parecia inabitável , abro os armários e só encontro livros , nada de sangue nada de corpo, como ia sair dali ? Não sei, abro as gavetas e nada, olho em volta e só vejo mesas vazias.


- assim como a água acha um lugar para escorrer, o vento acha um lugar para sair - mais um enigma


"Não entendi" , continuei procurando, não tinha relógio por isso não tinha noção do tempo , nem um mapa, olho pela janela e vejo que do lado de fora tinha árvores , estava escuro lá fora , parecia ser noite, volto a procurar por algo , olho para todos os cantos , procuro em todos os lugares, abro todas as gavetas e armários , mas não encontrei nada que me ajudaria.


- já se passaram dez minutos - ele anuncia


Archer estava brincando, talvez não existisse nenhuma fera, me sento no chão para pensar no que Archer havia dito, olho para as paredes e tetos, acima de mim só havia uma saída de ar, mas não dou muita importância, continuo pensando e pensando até que Archer anuncia.


- a fera está solta ! Se escondam ou morram ! - ele começa a gargalhar


Fico preocupado, até que do lado de fora, escuto um rugido e pessoas gritando, vejo um vulto passar perto da porta , com medo desligo a lanterna e fico no escuro, escuto pessoas gritando desesperadas , de repente na minha mente brilha a resposta para o enigma, "a saída de ar !" Olho para cima , subo em uma mesa e abro a grade protetora, atrás de mim escuto um barulho na porta, meu coração acelera , tento subir mas falho, jogo minha lanterna lá pra dentro e tento escapar , coloco muita força e continuo tentando, até que a porta atrás de mim se quebra e eu vejo uma figura terrível adentrar a sala, me jogo mais ainda para dentro da saída de ar, a fera solta um rugido e tenta me pegar mas falha , entro na saída de ar e engatinho rápido para sair dali, a fera continua batendo no duto para me tirar de lá , mas eu consigo fugir, ali seria um bom lugar para se esconder , mas o problema era água e comida, abaixo de mim passa uma grade, olho por entre ela, em uma sala estava muitos mortos, alguns destroçados e outros com corpo inteiro , tinha mulheres, homens , adolescentes só não havia crianças, passo o olho por cima e não vejo nada que poderia me ajudar, sinto a grade ceder , tento avançar mas não tive tempo, ela cai e eu despenco no meio dos cadáveres , minha roupa fica suja de sangue, o cheiro sobe até minhas narinas e eu sinto vontade de vomitar , me levanto e saio dali correndo , no caminho passo por onde eu tinha saído, me preocupo mas percebo que a fera havia sumido, vou até o refeitório e na cozinha consigo uma faca que me ajudaria em alguns casos, continuo caminhando lentamente e com medo, Archer não tinha mais falado nada desde que a fera foi solta pela primeira vez, sigo por um corredor e dobro á direita , encontro uma porta que indicava que ali havia uma biblioteca, abro a porta mas fico com medo de eu ficar preso de novo , tomo uma certa coragem e entro , verifico a porta e ela continua aberta, dentro da biblioteca escuto um choro, parecia ser de mulher pelo tom da voz , ligo minha lanterna e procuro pela voz sem falar nada, no fundo da biblioteca, agachada e com a mão na boca, havia uma garota de cabelos loiros, ela chorava e estava apavorada , pelo visto havia se escondido da fera.


- oi garota , fica calma tá


Ela olha para mim e arregala os olhos, sua expressão era de pavor.


- o que foi ?


A moça aponta para trás de mim, na minha nuca sinto um hálito quente baforar, sinto minhas pernas tremerem, lentamente coloco meu dedo na boca indicando para a garota ficar quietinha, me viro devagar e meus olhos se encontram com grandes iris vermelhas, seguro a faca com firmeza, a criatura fixa seus olhos em mim e mostra seus grandes e afiados dentes, respiro fundo , olho para a moça que continua com as mãos na boca, aperto o cabo da faca, rapidamente giro e acerto um dos olhos da criatura, então eu grito para a moça.


- corre !


O monstro solta um rugido de dor e se irrita, com sua garra de tenta me atacar, tiro a faca do olho dele e abaixo bem a tempo de desviar do ataque , as garras dele acertam uma prateleira de livros, pego a mesma e puxo para mim fazendo ela cair em cima da criatura, depois disso eu saio dali correndo e pego uma cadeira, vou até a saída e pelo lado de fora fecho a porta e coloco a cadeira para impedir que ele saia, começo a correr e encontro umas escadas , subo os degraus correndo e vou até o último andar , havia três, assim que eu chego no último degrau, respiro fundo para recuperar o fôlego e logo percebo que havia esquecido a lanterna na biblioteca, droga ! Como foi que eu pude esquecer ? Mas agora já dava para voltar , começo a me perguntar onde estava aquela garota que estava na biblioteca, eu sabia que aquilo era uma escola, mas precisava encontrar uma arma urgentemente, mas onde teria uma arma?


- alguém que comanda um lugar sempre tem uma forma de defesa - Archer cochicha mais uma vez algumas palavras sem sentido


Depois de recuperar o fôlego continuo caminhando lentamente pelos corredores daquele maldito lugar.


Sylvia


A única coisa que consegui antes de correr de dentro da biblioteca foi uma lanterna que estava com o garoto que me salvou , eu havia subido até o segundo andar da escola , corri para dentro da sala de música e agora estou escondida, não escutava nada além de alguns gritos, não tinha nada, eu não tinha como me defender por ser fraca , apenas consegui correr, me sento no fundo da sala e coloco meu rosto enterrado nas minhas mãos, o pavor havia me pegado , medo e cansaço, a lua pendia no céu iluminando um pouco a sala onde eu estava, minha saia estava suja e minha blusa também, decidi ir ao banheiro feminino, me levanto e saio da sala com muito medo, ligo a lanterna e ilumino meu caminho a frente, dou passos leves e silenciosos, ao fim do corredor vejo uma placa indicando que ali era o banheiro feminino, dou mais passos silenciosos e me aproximo cada vez mais da porta do banheiro , seguro a maçaneta com as mãos tremendo de medo e abro a porta, não havia ninguém no banheiro , para minha sorte pelo lado de dentro tinha uma chave pendurada na fechadura , fecho a porta e rodo a chave para trancar a porta, me afasto e respiro fundo , a lanterna estava ligada , vejo o interruptor de luz e aperto ele, mas as lâmpadas não funcionam e continuam desligadas, continuo apavorada, toda vez que fecho meus olhos vejo na minha mente aquela fera, me pergunto onde está aquele garoto, ele parecia bem inteligente, talvez eu deveria ir encontrar ele, mas o medo não me deixava sair de dentro do banheiro.


Thomas


      Eu estava finalmente na porta da sala do diretor, abro a porta lentamente, lá dentro estava muito silêncio, e por sorte estava vazia, olho cada canto , tinha que ter alguma arma aki dentro, procuro por todo o lado mas não encontro nada, abro uma gaveta e dentro dela encontro outra lanterna " ah que beleza", quando eu ia sair da sala, olho para trás e contemplo na parede, uma espingarda em um suporte, bem acima da mesa do diretor " ohh agora sim" pego uma cadeira e tiro a espingarda de lá, com sorte estava carregada, mas algo me incomodava , não tinha carregamento adicional , e podia ser um problema, se eu acabasse gastando a munição toda, eu ficaria com uma arma vazia.


- obrigado Archer


- oh meu amigo, não tem de quê


       " Ele me respondeu ? Que estranho" saio da sala , coloco a lanterna no cano da espingarda e desço até o andar inferior, realmente estava um silêncio terrível, mas eu queria encontrar aquela garota, em duas pessoas seria mais fácil sair dali, mas o que me assusta é aquela fera, vejo uma porta aberta, era a sala de música, alguém esteve ali, e tenho certeza que era a garota, de repente sinto um vento passar por trás de mim, me viro para ver o que passou, na escuridão ao longe , vejo uma enorme criatura " ahh sério isso ? " Ele coloca os olhos vermelhos em mim, e abre a boca revelando os enormes dentes.


- certo seu monstro feioso, pode vir


        Ele solta um rugido e vem para cima de mim, rapidamente coloco a luz na cara do monstro, ele coloca as patas na frente da cara, minha vontade era dar um tiro no meio da fuça dele, mas provavelmente isso não mataria ele de imediato, ou seja, gastaria minha balas.


- e agora Thomas ? O que você vai fazer?


- cala a boca Archer


         Na verdade ele está certo, o que eu iria fazer ? Um mostro gigante na minha frente, eu vou ter mesmo que dar um tiro nele.


- vem bixo feio !


          Ele corre pra cima de mim, e quando ele chega bem pertinho de mim, aperto o gatilho, e o tiro acerta bem no meio da cara dele, ele uiva de dor, e corre se afastando de mim e sumindo na escuridão " ufa ".


- você machucou meu bixinho


- era ele ou eu, preferi ele


        Depois disso, continuo procurando pela garota, olho sala por sala, e então só sobra, o banheiro feminino.


Sylvia


      Pelo lado de fora do banheiro, escuto um rugido alto, seguido de um tiro, ou o que parecia ser, meu medo cresce, fico mais apavorada, até que escuto alguém mecher na porta, não tinha nada para me defender, fico quieta e desligo lanterna para não atrair atenção, até que a porta é arrombada , e alguém com uma arma e uma lanterna na ponta do cano entra e mira em mim.


- então foi aí que você se escondeu ?


    Levanto o rosto para ver quem estava falando, e era o garoto.


- você !


- shiiiii, dei um jeito na fera, mas ela pode voltar.


        Aceno positivamente, ele estende a mão para mim, e me levanta.


- precisamos encontrar a chave da porta que leva á saída, ou encontrar  outra saída.


- entendi.


- você está com minha lanterna, pelo menos não esqueci na biblioteca.


- ei ! Vamos explorar a biblioteca.


- boa ideia.
 
      Ele começa a andar, eu fico atrás dele, afinal , ele tinha uma arma, nós descemos as escadas com cuidado e cautela, caminhamos pelo corredor devagar, até chegarmos na biblioteca de novo, a porta estava quebrada, ele entra primeiro, verificando tudo.


- está seguro, pode entrar.


         Eu entro, mesmo a porta estando quebrada , fecho ela, o rapaz começa a procurar em todos os lugares, vou até onde fiquei sentada, cravada nos livros, encontro a faca dele.


- ei, encontrei sua faca - jogo para ele.


- obrigado , a propósito, me chamo Thomas.


- eu sou a Sylvia.


       Ele volta a procurar por algo, parecia estar com a mente focada em alguma coisa, de repente ele pega um livro e abre.


- achei.


- o que ?


- a planta desse lugar, assim poderemos descobrir onde está a chave da porta principal, se é que usam chave naquilo.


        Ele começa a procurar com o dedo, vou até ele, e me sento esperando ele terminar, até que encontra algo e fica preocupado.


- a porta é aberta, por uma tranca elétrica, temos de ir até a sala de disjuntores, e o pior, é bem lá em baixo, pode até ser de lá que a fera vem.


       Meu corpo extremece, pelo menos , sabíamos onde ir, ele arranca a página que tem a planta e coloca no bolso, mas então tira outro papel.


- esqueci disso - ele abre o papel - Sylvia ? Você sabe atirar ?


- sei.


- certo, quando estivermos chegando na sala dos disjuntores, vai ter um policial morto lá, ele talvez tenha uma arma.


- como sabe disso ? - ele me entrega o papel, e nele estava escrito um relato de uma das pessoas que já estiveram ali.


Relato 1


Dia 7


         Já faz sete dias que estou aqui, com medo, fome e sede, a única pessoa que encontrei foi um policial, ele estava fardado, e sabia da existência da sala dos disjuntores, mas já faz dois dias que ele foi para lá e não voltou, tenho certeza que ele morreu , ou talvez tenha encontrado alguém, e decidiu se esconder por lá, meu esconderijo logo pode ser descoberto pela fera, e posso acabar morto, se alguém encontrar esse relato, vão atrás do policial, ele tem uma arma, e sabe bem onde ir.


- vamos lá pra baixo.


- mas Thomas.


- temos que ir lá pra baixo.


        Ele saiu da sala e eu comecei a seguir ele, descemos até o primeiro andar, e seguimos para o fundo do corredor, até encontrar uma porta que indicava escadas, ele olha para mim, abre a porta, que revela uma escadaria escura, se não fosse pelas lanternas que temos, começamos a descer com cuidado, eu sempre olhando para trás, para o caso da fera não estar atrás da gente, enquanto a gente descia a escada, sentimos um grande fedor.


- que cheiro horrível.


- tem razão Sylvia, vamos continuar.


- continuar ? Esse cheiro já me faz querer voltar.


- vamos continuar.


     Continuamos descer, e assim que chegamos no fim, encontramos muitos mortos na frente da porta dos disjuntores, realmente havia um polícial morto, ele estava encostado em uma parede, na mão dele, tinha uma pistola.


- que sorte !


- não é sorte, eu sabia da existência do polícial.


- certo.


       Thomas procura nos bolsos do policial morto, e encontra mais um cartucho de munição, enquanto procurava mais, Thomas encontra outro papel.


- outro relato?


- sim.


- vou ler.


 


  Relato 2


     Dia 10


       Cheguei na sala dos disjuntores, a sala estava aberta, mas tinha muitos mortos, e fiquei com medo de avançar, a fera está lá fora, e eu não tenho tanta munição para matar aquele monstro, mas tenho que ir até lá, e ligar os disjuntores, e passar por esse mar de corpos, recentemente descobri uma sala de chaves, que fica dentro de uma sala secreta, no salão principal da escola, não tive tempo de ir até lá, mas sei que todas as chaves das salas estão lá, e tem algumas armas, provavelmente o dono desse lugar, escondeu tudo lá, vou ter que ir lá.


- hum interessante, uma sala secreta ?


- você quer mesmo ir lá ?


- claro , pode ser nossa saída


         Enquanto conversávamos, Archer começa a falar.


- olha só !, Os dois trabalhando juntos, aqui vai um último enigma, um último papel, que vai fazer os dois acordarem para a realidade, boa sorte para os dois.


       Ele para de falar, nois dois olhamos um para o outro, e continuamos indo até a sala, dos disjuntores.


Thomas


        Abro a porta devagar, e entro dentro da sala, miro para dentro e avanço um pouco, ela estava vazia, tudo escuro, vou até uma parede grande, cheia de disjuntores, cada um deles tinham uma fita dizendo para que eles serviam, procurei atentamente cada um, até encontrar um que dizia "porta principal", apertei ele, escutei um barulho e olho para a Sylvia.


- certo, agora a chave.


- uhum.


- não fique com medo, nós vamos sair daqui.


        Ela acena positivamente, eu seguro na mão dela e saio para fora, Sylvia já estava com a pistola do policial morto , nós subimos as escadas devagar, e em silêncio.


- agora, vamos para o salão principal, encontrar aquela chave.


- tá mas e o último relato.


- certo vamos encontrar.


         Seguimos para o salão principal, ele era enorme , tinha um palco no meio " onde é que vou encontrar uma sala secreta nesse lugar ", começamos a procurar , fomos em todo o lugar, cada parte , cada pedacinho, cada canto, mas não encontramos nada, Sylvia do nada tem uma ideia de procurar perto da estátua em cima do palco, e encontra uma fechadura pequena.


- ei Thomas , encontrei uma fechadura.


       Vou até lá, parecia ser de uma chave especial.


- droga !


- o que foi Sylvia ?


- acho que se me lembro bem, tem uma chave, com uma cordinha enrolada no pescoço da fera.


- você tá brincando ? 


- não.
  
- olha, acabaram de descobrir onde está a chavinha né ? - Archer fala bem alto, aparecendo pela primeira vez , como um vulto.


- Archer ! Seu desgraçado !


- olá meu amigo Thomas


- solta a gente !


- oi pra você também Sylvia, olha, desejo boa sorte para vocês ! - ele some.


- certo Sylvia, vamos ter que enfrentar aquela coisa.


       Ela acena positivamente para mim, e começamos a bolar um plano, mas teria de ser muito bem pensado, pois aquela fera não era burra, era bem inteligente e forte, eu tinha apenas mais quatro tiros da espingarda, e Sylvia não tinha gastado nenhuma bala, sei também que a luz afeta os olhos da fera, teríamos que usar muita luz, só tínhamos duas lanternas.


- pensei em uma coisa Thomas, e se usarmos espelhos dos banheiros para refletir a luz ?


- vamos fazer isso.


      Montamos os espelhos , prontos para refletir as lanternas, eu enfrentaria o monstro e pegaria a chave, e depois , eu e ela vamos descarregar nossas munições no monstro.
       Depois de deixar tudo pronto , eu pego uma panela e bato nela, o barulho ecoa pelos corredores, respiro fundo, escuto um rugido, e logo vejo a silhueta da fera vindo até mim.


- vem feioso.


      Pego minha faca.


- Sylvia ! A Luz !


      Ela liga as lanternas, a luz reflete nos espelhos, o monstro fica meio tonto, corro até ele, pego minha faca e pulo nas costas dele, e cravo a faca nela, ele uiva de dor, rapidamente pego a chave, e saio das costas dele, Sylvia me joga a espingarda, então eu começo a atirar, uma vez , duas , e três, sobrando apenas uma bala, a criatura foge, me ajoelho no chão, Sylvia vem até mim , entrego a chave para ela , e então abrimos a sala secreta, lá dentro tinha todas as chaves das portas, e bem destacada , estava a chave da porta principal, tinha duas cápsulas de munição da espingarda e mais nada, em cima da mesa, estava mais um papel, e era o último relato.


Relato 3


Dia 15


    Hoje finalmente consegui achar o disjuntor da porta principal, já tinha encontrado a chaves e já havia girado ela na maçaneta, liguei o disjuntor e a porta se abriu, mas parece que enquanto vou andando para fora, algo atrás de mim se aproxima.
        Estou correndo para a porta, o monstro misteriosamente me encontrou, e está me seguindo, minha letra está ruim porque estou escrevendo enquanto corro, aí droga ele é mais rápido , e vai me alcançar, cheguei a conclusão que é impossível matar esse monstro, e fugir daqui é também algo impossível.


     O medo me atinge, " então quer dizer que é impossível sair daqui ".


- Thomas e agora ?


- vou pensar em algo, fica calma.


- que engraçado, vocês acham que os dois vão sair daqui, mas nenhum vai, aquela porta ali, não é feita para sair.


- Archer você está enganado, eu vou sair daqui.


       Ele não respondeu mais, pego a chave, e entrego na mão da Sylvia, se eu não sair , ela vai, e tenho que me certificar disso, mas eu terei de morrer no lugar, prometi a ela que ela sairia dali, saio da sala, carrego as outras duas cápsulas de munição da espingarda, pego a pistola da Sylvia , eu e ela teria passado cerca de dois ou três dias lá dentro , e estava mais que na hora de sair de lá, carrego tudo, deixo tudo pronto, em minha mente não passava nada, minha cabeça estava focada em tirar Sylvia dali, porque eu provavelmente não iria sair, Sylvia não sabia que eu ia ficar para que ela saísse.


- Sylvia preciso ir ao banheiro fique aí


- certo


    Entrego a arma para ela, caso ela precisasse se defender, vou até o banheiro é lá olhando para a parede, começo a tentar conversar com o Archer.


- certo, pode aparecer Archer.


- o que deseja ?


- já resolvi o maior enigma do jogo, a saída.


- é mesmo ? Me conte .


- ninguém pode sair daqui vivo, mas pode morrer na saída, só assim podemos sair daqui.


- e o que você pretende ? Você prometeu para a moça lá em baixo qua ela sairia.


- sei também que... Para sair , não podemos ser mortos pela fera - Archer pareceu surpreso - me aguarde Archer.


     Saio do banheiro, eu já sabia muito bem o que fazer, volto para Sylvia.


- Sylvia, está pronta ?


- sim, vamos sair daqui.


" É... Você vai "


- sim vamos


        Pego a arma da mão dela, entrego a chave para ela, todos os enigmas pareciam claros agora, eu fiz tudo do jeito errado  " o disjuntor era por último " , do jeito que fiz, alguém se arrisca a ficar, só há dois jeitos de sair dali , pelo jeito sozinho, ou com alguém , o que levava, á morte de um dos dois, preparo Sylvia.


- 1...2...3 vai ! Corre Sylvia corre !


       Ela começa a correr pelo corredor, vou correndo atrás dela , os passos ecoam pelo lugar e eu sabia que a fera ia aparecer " cadê você, monstro feio" Sylvia desaparece em minha frente, ela corria bastante, e eu estava carregando uma espingarda, logo atrás de mim, a fera aparece, me viro e dou um tiro nela, assim atraso ela um pouco, de longe eu escutava as risadas de Archer, monstro se aproxima mais, me viro de dou outro tiro, ele se afasta um pouco, Sylvia provavelmente já estava na porta.


Sylvia


      Cheguei na porta, giro a chave e a porta se abre , o vento frio bate no meu rosto, de longe escutava os tiros de espingarda, Thomas estava atrasando a fera, eu estou com medo, porque a fera estava cada vez mais perto , e Thomas não podia morrer, eu quero sair com ele, quero fugir daqui na presença dele.


Thomas


     Continuo correndo da fera , só me restava um tiro na espingarda, me viro e atiro nas patas do monstro que cai, e bate nos armários ficando imóvel por algum tempo , largo a espingarda e corro mais rápido , Sylvia já havia aberto a porta, o dia estava amanhacendo.


- Thomas ! Está ferido ?


- não Sylvia, estou bem - tinha que fazer isso logo - lembra que eu falei que você ia fugir daqui ? Mesmo que custasse minha vida ?


- claro que lembro.


" Eu tenho que fazer isso, agora "


     Seguro a pistola, olho para trás e a fera estava quase acordando, engatilho a arma, e me preparo para cumprir minha promessa pela primeira vez , depois de matar tanta gente, crianças e mulheres, eu faria algo bom.


- Sylvia, você vai sair daqui... Eu não.


     Aponto a arma para a cabeça dela , ela se assusta.


- o que vai fazer ?


- te tirar daqui - a fera se levanta - é o único jeito.


     Aperto o gatilho, a bala é disparada, o projétil atravessa a cabeça de Sylvia, ela cai no chão, seu sangue escorre pelo chão, escuto a fera vindo até mim , você pode se perguntar, se suicídio não seria uma forma de escapar, e eu te respondo, não é, a fera me alcança, sinto suas garras entrarem na minha barriga, o sangue vem até minha boca, minha visão escurece, minha respiração fica pesada, e eu fico sem fôlego, foi aí que senti aquele monstro me rasgar por dentro, e a última coisa que vi, foi o rosto da Sylvia, depois disso, fechei meus olhos enquanto era destroçado pelo monstro...


    Archer vem andando pelo corredor,  o dia estava amanhacendo e o sol já estava iluminando a entrada da escola, a fera já não estava mais ali, Archer olha para Sylvia, e ele marca em um caderno a palavra " escapou" depois olha para Thomas e se agacha perto do corpo destroçado dele.


- Thomas, Thomas, um bom jogador , o melhor eu diria, pena que escolheu salvar a moça, você me desafiou dizendo que fugiria, mas resolveu os enigmas tarde de mais - ele se levanta e olha para a luz do sol, enche o pulmão de ar e grita - End Game !


    Depois disso volta para dentro andando tranquilamente.


- quem será os próximos jogadores ? Bom quer saber , vou me preparar , fiquei empolgado com esse Thomas, quem sabe aparece alguém mais inteligente que ele ?


E o Jogo inicia novamente...

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