barulhos de água...
a terra seca estimula mais delírios
um copo de loucura servido cedo
e devaneios noturnos
olhar na janela
à expectativa de mudança no tempo
está tudo tão seco
a garganta quase parou de funcionar
morrendo aos poucos
a vegetação, as lágrimas
os bichos sozinhos na rua
e quero a inundação repentina
das coisas
e de mim
quereria também a umidade do amor
mas estou lúcido quanto a isso
resignado
espio outra vez o céu e a terra
e clamo socorro à tarde
qualquer resquício do passado
serve ao menos
para molhar os olhos...