Rua da minha infância
fogueira acesa no meio das crianças
até de madrugada
(naquele tempo não havia o mal na terra)
bola correndo na rua...
esconde-esconde
sete pedras
O mundo do tamanho de criança:
quando crescer vou ser cantor.
A vida fluía em substância
de riso e sonho.
Demais, era só uma brincadeira
de querer ser velho.
Por que, meu Deus?
Rua da minha infância,
em que muito de mim deixei.
Minha alma também é barro,
a céu aberto.
Aprendi mil males ali,
acreditei, lutei, roguei,
em vão.
No silêncio do tempo
sequelas gravíssimas na comunicação.
A última conversa revela
a vontade de retornar à doçura
das coisas e dos homens
que não vejo mais.
É imperativo o sabor da saudade
e do remorso.
Rua da minha infância
nela parte de mim está
outra parte já se foi...
o