O amor chegou.
Já está dentro da casa,
a tropeçar em tanta pressa.
E sou presa fácil, submissa e frágil.
Em verdade, desejei-o.
Não bastassem suas marcações naturais,
provavelmente me atingirá com suas nuanças de azul na vida.
Me convencerá das festas,
me provará suas teses complicadíssimas,
inventará verdades.
O amor rompeu as paredes,
e sempre tem mãos para isso
e músculos no coração e ferro na alma.
Bem antes estas mãos ensaiavam blandícias no ar
carregadas de ternura a espera de carne.
E eu sei que o amor
tem o dom de desaparecer ao sol,
vampiro, não de sangue mas de forças.
É impressionante como não reajo.
O amor está subindo as escadas,
está abrindo as janelas,
está calçando os chinelos,
e alçando as armadilhas em redor,
mas não me surpreende.
Sou eu o engenheiro de suas armas.
Que brincadeiras estranhas tem o amor.
Está prestes a transformar-se em laço,
e queima por inteiro antes de nascer.
O amor já está dentro.
Seu esconderijo é tão frágil que nos meus olhos posso vê-lo.
O amor é o invasor menos sorrateiro que existe,
dentro da casa percebo seus rastros
e escuto os alaridos de trovão.
O amor entrou na casa,
e mal sabe que é labirinto.
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