Capítulo 4


—Sabe o que o senhor é? — perguntei o olhando assim que a garota saiu — um otário burro que tem anos de profissão e se deixa ser levado por uma garota de dezesseis anos! — suspirei e levantei da cadeira me direcionando a porta de saída.


—Marina, Olha aqui — Ele falou e eu me virei para ele — Eu sou seu pai, e seu patrão então me respeite.


—ah... desculpe, eu nunca mais vou lhe chamar de otário burro mesmo sendo verdade — dei de ombros e um sorriso irônico me retirando da sala.


Ao estar no corredor coloquei a mão no Jaleco pegando meu celular e discando o número de Dylan, esperei e então ele atendeu.


—Amor, o que houve? — ele me perguntou.


— Ele meio que me obrigou a dar o caso, quero dizer, ele quis o caso pois decidiu que eela era uma boa pessoa e merecia perdão e ir a rua. De início eu neguei, mas logo notei que tendo ela na rua a gente poderia recolher mais provas dela, já que ela pode fazer coisas piores me entende? Lana foi ficar com a Ella ou mandou que ela fosse para a casa de minha mãe?


— Vem me encontrar no quarto 106, segundo andar, Ala B — ele disse e eu me direcionei ao elevador apertando o botão de número 2.


— Estou indo — falei esperando que o elevador abrisse e assim que abriu eu saí do mesmo e fui até quarto 106 da Ala B. Dylan estava de férias, mas as mesmas acabaram hoje então ele teve que voltar ao trabalho, ele também era psiquiatra como eu, é.. A gente se conheceu na faculdade de medicina, quer dizer, eu vim o notar quando ele escolheu que queria fazer psiquiatria. Entrei no quarto e logo o vi, entrei e tranquei a porta indo até ele — Cheguei — falei sorrindo e atravessei minhas mãos por seu pescoço dando-lhe um beijo que ele correspondeu, poucos segundos depois paramos e nos distanciando um pouco, mas não muito.


— Lana foi — ele respondeu a minha pergunta colocando algumas mechas de meu cabelo atrás da orelha com carinho me olhando e então começou a falar — eu a vi saindo, tanto que isso me intrigou um pouco já que falamos dela ontem, mas como ela saiu pela porta da frente não pensei que estivesse fugindo.


— E não estava, mas eu ainda não sei o que levou a garota a convencer meu pai que possui postura muito rígida diante dos pacientes — disse ajeitando seu jaleco — Eu realmente não sei.


— Que barulho é esse? — ele perguntou se referindo aos passos rápidos vindos do corredor e fomos até a porta, perguntei a Lara o que havia acontecido e ela disse-me que uma paciente havia morrido.


— O quê? — Perguntei puxando Dylan pela mão, descendo as escadas com ele já que o elevador era lento.


— quem você acha que foi? — ele me perguntou me acompanhando também em passos rápidos


— Não sei! Realmente não sei


— ao chegarmos ao primeiro andar nos direcionamos até o quarto que estava aberto e era o quarto de Clarice.


— É minha paciente, Dylan — falei entrando no quarto rápido e logo medindo seu pulso que estava parado — Que droga! — disse olhando-a e passando a mão no rosto.


— O que aconteceu com ela? — Perguntou Lara — eu cheguei aqui agora, junto com você, Acha que eu sei de alguma coisa? — fui grossa mas sem pensar então olhei o soro dela. — Quem aplicou tiopentato de sódio Em Clarice?


— tiopentato? — Eles perguntaram jutos


— Não foi o que eu disse? Tiopentato. — disse e saí do quarto em passos rápidos entrando na sala de meu pai — Sabe o que acaba de acontecer? Eu saio um dia mais cedo e a minha melhor paciente morre porque aplicaram Tiopentato nela, tem noção disso?


— Marina, tenha calma...


— Querido, pai... Não. Me. Manda. Ter. calma!. — falei pausadamente e então o olhei — isso aqui está virando uma zona! Sabe uma zona? Uma zona! O que é que Eu vou explicar para oa pais da garota? Por que era eu quem cuidava da garota e Eu, só eu vou me estrepar na hora de explicar para os pais ou então eu vou fazer o que?! E os exames? O atestado de óbito? Sabe que precisam de um exame, né? Se a imprensa souber que aplicaram Tiopentato nela ode dar adeus a sua fama, pode dar adeus aos seus pacientes de fora e adeus a sua credibilidade, quer dizer, a nossa credibilidade perante as pessoas da cidade e até as de fora!


— Eu sei Marina! Mas eu não sei o que fazer, Você entende? Sabe o tamanho disso tudo? Sabe quantos escândalos eu abafo? Minha querida, olha isso tudo, essa extensão, sabe quantos pacientes eu tenho?


—Pera lá, o senhor fica parado aí o dia todo sentado e dizendo: "nossa, eu pego no batente!", e pelo amor de deus, o senhor não coloca a mão em um paciente e quem tem que assumir? Eu, Dylan, Lara, Mayra e Samuel. Somos nós que colocamos a "mão na massa" enquanto o senhor passa o dia todo recebendo dinheiro e sentado nessa cadeira.


— Marina! — ele se levantou de sua cadeira batendo a mão na mesa na tentativa idiota de intimidar.


— Eu mesma — falei no mesmo tom que ele e me aproximando dele também — Sou eu, Marina Basten! Sua filha.


— Você é igualzinha a sua avó — ele disse e eu sorri.


—que vó magnífica eu tinha, não é mesmo? — dessa vez diminui o tom de voz — Que pena que o senhor não puxou a ela, aposto que isso seria bem melhor!


— Você quer que eu faça o que?


— Seja o dono do hospital e não só um cara que passa dias sentado em uma cadeira mandando e desmandando em todo mundo, aí eu posso ficar satisfeita! A e saiba que se os pais dela te processaram o senhor perde, tá bom? — disse e então fui em direção a porta —dê-me licença, meu pai. 

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