Capítulo 8 - Yīnyuè Amateurs

 Já tinham se passado duas horas e eu ainda estava com Victor em casa, estavamos olhando fotos que tinhamos tirado a algum tempo. Eu já tinha visto elas um milhão de vezes, mas hoje era diferente, era emocionante, era o fim.


- Já está na hora, eu... não posso me atrasar.


- Tudo bem, eu te ajudo com as coisas.


- Não eu... eu quero ficar um tempo sozinha, você... me espera lá embaixo.


- Ok.


  Victor se levanta da cama e anda em direção a porta.


  Ele desce a janela e eu me jogo na cama, Nic me ensinou a me pendurar no teto quando eu era menor, tem uma tábua de madeira que sustenta o telhado, ele me segurava pela cintura e me levantava até eu alcançar a tábua, então eu me segurava e andava pelo quarto pendurada pelas mãos, era incrível, mesmo quando eu caía. Eu me levanto e deslizo as mãos pelos móveis, e então eu encontro o medalhão dele, o nosso medalhão, e o coloco no pescoço, era como se eu pudesse carregar uma parte dele comigo pra sempre.


  Eu desço as escadas, minha mãe estava bordando no sofá e Victor estava me esperando no balcão da cozinha. Sair é difícil, mas eu não posso ficar.


- Mãe. - Ela se levanta e me abraça.


- Tchau filha. - Ela beija minha testa e abre a porta.


- Vamos Elo. - Victor pega minha mala e vai para fora, eu saio e paro.


  Minha vida nunca mais será a mesma.


+ + +


  Ao chegar no aeroporto um dos seguranças me aborda.


- Senhorita Caine, me acompanhe por favor.


  Assim que ele termina de falar outros dois guardas se aproximam e pegam minha mala e minha mochila, ele segura meu braço e me leva para o avião.


- Meu braço, você tá machucando ele. - Eu digo mas ele não esboça reação. - Ei, se liga! Você tá me machucando!


- Srta. Caine, isso é necessário, existem pessoas aqui que desejam machuca-la.


- Se você for um deles tenha certeza de que está conseguindo. - Ele me olha com o canto dos olhos e me solta para que eu atravesse o corredor.


  Logo quando entro dou de cara com o Líder de Dái Sanji, o que é estranho por que ele nem sequer olha para mim. Me sento ao lado de um rapaz, ele tem o cabelo castanho claro, usa óculos e tem um nariz arrebitado. Ele está mexendo em um notebook e usa fones de ouvido provavelmente nem percebeu que eu estava ali até a aeromoça trazer um pouco de água, uma hora depois.


- Aqui está.


- Muito obrigada.


- Ei, senhor, sua água.


  Nós o observamos por alguns segundos e depois trocamos olhares.


- Eles está concentrado, deve ser algo importante. - Nós rimos e ela me entrega mais uma garrafa de água e um copo.


- Pode entregar a ele por favor?


- Claro.


Eu estendo a mão com o copo na frente da tela do notebook e ele tira os fones de ouvido.


- Desculpe, ah, obrigado. - Ele pega o copo e o posiciona na bandeja à sua frente. - A quanto tempo você está ai?


- Uma hora mais ou menos.


- Bem, eu sinto muito, é que isso é muito importante, não mais importante que você eu presumo, é que... - Eu assinto com a cabeça e começo a rir, ele ajeita o óculos e para de falar. - Acho que você me entendeu. - Sua bochechas ficam ruborizadas, é a primeira vez que o encaro, logo percebo, "Uau, ele é jovem." - Jeffrey Grimm - Ele diz e estende a mão para me cumprimentar.


- Eloise Caine.


- É um prazer Eloise, e tenho de lhe dizer, você é muito mais bonita pessoalmente do que na televisão.


- Muito obrigada, eu não cheguei a ver você na TV mas você também é muito bonito.


- Acho que são os óculos que criam uma parte dessa ilusão, mas de qualquer forma, obrigado. Então o que você gosta de ouvir?


- Olha, eu não tenho um estilo preferido.


- Acho que combinamos nisso. Eu tenho algumas músicas aqui, quer ouvir?


- Claro.


  Ele me entrega um fone e nós ouvimos música e conversamos pelo resto da viagem.

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