Capítulo 2 - Convenção das Despedidas

  Antes de ir à praça fui à casa abandonada no bosque, ela estava cheia de livros de historia e de biografias de pessoas importantes no começo do século e no século antes desse. Todos esses livros... era como ter o mundo em minhas mãos, mas o que eu mais gosto é de um trecho de um livro biográfico sobre uma atriz americana onde ela disse:


"- Nós fomos aqueles que tiveram tudo e não soubemos aproveitar."


  Eu imaginava como deveria ser ter vivido nessa época. Não temos tecnologia, não como antes deveriam ter, a radioatividade espalhada pelos Estados Unidos destruiu as maiores fabricas de aparelhos eletrônicos além de ter infectado os existentes, o que sobrou foi mandado para a Rússia e distribuído à uns doze anos, mas nós ainda não temos tanto acesso como antes. Mas tenho certeza que ela não falava sobre isso quando disse que sente falta de tudo, talvez falasse sobre a natureza, o que não sobrou muito ou da liberdade de viver em um mundo sem ter passado por esse apocalipse.
  Não importando mais, o discurso já iria começar e eu não posso exitar de ir. Daqui a alguns minutos a vida de sete jovens ira mudar, e talvez, a minha.


+ + +


  Chegando lá vejo minha mãe e o meu irmão sentados nas ultimas fileiras, eles estão felizes e anciosos, todo estamos.


- Eloise! - Grita a minha mãe - Qual o seu problema? Eu peço simplesmente pra você não se desarrumar e você chega aqui desse jeito!


  Eu simplesmente peço desculpa e me sento, não posso reclamar, eu estava errada. E lá vem o imediato, apresentando tudo à todos.


- Hoje será um grande dia para o nosso país, escolheremos sete jovens de Dái Sanji para nos auxiliar em nosso novo projeto. Agora ouçam o pronunciamento do nosso amado líder George Schimdt!


Eu ouço aplausos, agora só o que importa é o resultado da escolha, a ansiedade tomou conta de mim!


- Caros cidadãos, é com orgulho que eu anuncio o nosso novo projeto de reconstrução do país!


Assim que ele termina de falar ouço os gritos da multidão, todos aplaudem, é uma das melhores coisas que eu poderia ouvir: 'finalmente' digo à mim mesma. Cessam-se os gritos, e ele prossegue:


- E aqui está a lista dos escolhidos:


*ADAM WHITE


*LIAM HU


*JÉSSICA MENDES


*ANDREZA MASLOW


*ANDRÉA MOSSI


*NICHOLAS CAINE


Nesse momento meu coração parou, meu irmão, meu irmão foi escolhido, eu só conseguia pensar: "O que que eu faço agora?" Nesse momento eu sinto vontade de me jogar no chão e chorar até morrer. O Sr. Schmidt continua:


*MARY ANNE LANCASTER


- Solicito que todos os selecionados estejam presentes aqui hoje às 17:45 para que possamos encaminha-los ao aeroporto e leva-los para a sede. Vocês poderão levar no máximo três malas ou mochilas, sairemos daqui às 18:00. Vocês são o orgulho da nossa família!


"Como assim família?" Não, não importa mais, meu irmão irá embora e eu não posso impedir.


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Chegando em casa subo as escadas e me tranco no banheiro. Eu me olho no espelho e penso: "Por que ele precisa ir? Sem o meu pai meu irmão era o único que poderia nos ajudar com tudo. Essa casa ficará tão vazia sem ele." Logo corto esse pensamento, eu deveria estar feliz por ele, se mudar para a sede, trabalhar com o líder, reconstruir nosso país, isso seria incrível. Mas não consigo, é difícil, viver é difícil, perder é difícil, viver com uma perda é muito pior.


Quando desço as escadas passo em frente ao quarto dele, ele estava fazendo as malas, eu me encosto na porta e digo:


- É isso, não é? - Ele me olha com um sorriso no rosto, se vira para mim e me diz:


- Eu vou voltar, assim que acabar o treinamento eu vou voltar pra vocês.


Eu sorrio de cabeça baixa, mas não consigo me conter, então começo a chorar, ele me abraça. Era isso, ele queria me fazer me sentir melhor, tentava ao máximo sempre, desde os meus doze anos ele tem sido muito mais do que um irmão pra mim.


- Toma. - Nic me entrega uma caixa com uma fita. - Eu fiz pra você, é seu presente de formatura. Pra você se lembrar de mim.


- Eu nunca vou esquecer você Nic.


- Abra!- Diz Nic sacudindo os meus braços.


Era a coisa mais linda que eu já tinha visto, nossos nomes gravados, um em cada lado: NIC & ELO


- Eu não sei o que dizer Nic, é lindo... - Eu o abraço, não imagino minha vida sem o meu irmão. - Eu te amo Nic. - Digo à ele chorando, por mais que ele diga que vai voltar, eu sei que não, ele não vem, ele não vai voltar pra casa, uma frase ressoa em minha cabeça: "essa é a ultima vez que verei meu irmão."


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Ao chegar na praça vejo famílias felizes, famílias chorando e eu, não sei o que eu sinto, é difícil ver meu irmão partir assim, eu estava sem chão, não sei o que fazer para me re-compor, nada mais será igual sem ele.


- Elo!- Meu irmão me chama com um sorriso no rosto e lagrimas nos olhos.


É difícil vê-lo assim, ver ele chorar é pior do que ver ele partir. Ele me abraça enquanto a minha mãe espera para leva-lo para o carro.


- Elo, me escuta, não importa o que aconteça nunca deixe de ser quem você é. Oque eu quero dizer é que você continue a ver o melhor nas pessoas, mesmo que elas errem nunca deixe de acreditar que as pessoas podem mudar, que tudo pode mudar. Tudo vai ficar bem Elo. - Ele mal termina de falar e nós ouvimos uma buzina e uma pessoa dizendo:


- Nicholas vamos logo!


- Já estou indo Steven! Elo... cuide da mamãe.


Minha mãe passa pelo portão, segura nossas mãos e diz:


- Seu irmão vai voltar logo, não se preocupe com nada do que vai acontecer, tudo vai voltar a ser como era antes.


Assim que ela termina de falar eles vão para o carro, e pela janela Nic acena para mim e vai embora.


- Elo, por favor querida, não fique desse jeito, ele vai voltar em breve.


- Não! Não mãe. Não, ele não vai voltar, ele nunca mais vai voltar pra cá e ele sabe disso.


- Amor não pense desse jeito. - Diz a minha mãe que insiste em me fazer sentir melhor.


- Ele sabe que não vai voltar, ele me pediu pra ser boa, pra lembrar dele e pra cuidar de você mãe por que ele sabe que não vai voltar, ele não vai, não vai voltar. - Digo enquanto choro excessivamente. - Eu não posso perder ele mãe, eu não quero perde-lo.


- As vezes coisas ruins acontecem para nos dar a oportunidade de algo grandioso. Olha... eu sei que não é uma boa hora - Diz minha mãe exitante - Mas hoje eu irei trabalhar durante a noite no restaurante, vou chegar às quatro.


- Quatro da manhã?


- Me desculpe, eu sei que hoje foi um dia difícil mas...


- Mas o que? - Interrompo-a com raiva - Não precisa fingir que se importa, não é boa nisso mesmo.


- Filha espere! Eloise! Eloise!


Eu corro para longe dela o mais rápido possível e paro perto da minha bicicleta.


- Elo! - Vejo Victor correndo em minha direção até perceber meus olhos vermelhos e o rosto inchado, seu sorriso desaparece, ele começa a caminhar devagar, receoso quanto a se aproximar de mim. - Elo... Eu ouvi sobre seu irmão mas não te achei aqui hoje mais cedo.


- Tudo bem Victor, eu já estou indo para casa.


- Ei. - Victor me dá um abraço. - Eu sei que é difícil pra você, mas eu estou aqui.


- Ok, vou me lembrar disso.


- Já está se sentindo melhor?


- Mais ou menos, por que?


- Você não vai acreditar no que vai ter hoje.


- O que?


- Festa de formatura, do David Blake.


- O que! Não, não podemos ir lá Victor.


- Por que não?


- Nós invadimos um lugar hoje de manhã com o passe do David.


- Não usamos o passe e, metade da instituição foi convidada, ele nem vai perceber que estamos lá.


- Mas nós não fomos convidados.


- Ei, eu sou o cara que tem os primos populares e que também vão nos colocar lá dentro.


- Tá.


- Uhuu! - Victor comemora enquanto puxa sua bicicleta.


- Não sei por que concordo com essas suas ideias idiotas.


- Eu sei, você me ama demais, por isso não consegue dizer não pra mim


Eu sorrio, subo na bicicleta e nós dois vamos para casa.


Chegando em casa vejo minha gata em cima do sofá, a televisão estava ligada e os pratos ainda estavam na mesa. Eu subo as escadas e vou para o meu quarto, mais uma vez meu celular dispara a tocar, dessa vez era a Jesse mandando um turbilhão de mensagens, e um detalhe muito importante sobre a Jesse é que desde o ano passado ela está afim do Victor, uma coisa que ela tenta esconder mas infelizmente não consegue:


- Oiii Elo. Vamos pra a festa do David hoje????


Claro, já ia começar a me arrumar. -


- Uhuu!!! Ok, eu passo na sua casa. Chama seu vizinho Victor.


Kkk, ok Jesse, tchau. -


- Tchau Elo.

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