Capítulo 14 - Cookies e Drogas

  Acordamos com o som do alarme, bem, eu acordei. Jeff estava com os olhos vermelhos fixados no nada.


- Você ficou acordado?


- É eu... Eu vou voltar pro meu quarto.


  Eu me levanto e Jeff sai do quarto. Começo a procurar uma roupa em seguida vou tomar banho. O que aconteceu ontem não saía da minha cabeça. "Eu podia ter feito alguma coisa" dizia a mim mesma. Mas não podia, eles teriam me matado também. Mas era horrível, eu me sentia culpada por eles, suja por ter visto aquilo. Antes que eu perceba já havia passado 20 minutos. Eu desligo chuveiro e começo a me vestir.


  Vou para o corredor e bato na porta do quarto de Jeff, estava aberta e ele não respondia. Eu decidi entrar, ele estava dormindo e preferi deixa-lo assim. Volto para o corredor, dessa vez tranco a porta e jogo a chave por baixo pra que ninguém o incomode. 


- Existe uma regra, que não devemos entrar no quarto dos selecionados. 


  Joseph estava saindo do quarto enquanto eu jogava a chave de volta por debaixo da porta.


- Eu só...


- Não se preocupe comigo.


- Tudo bem então, bom dia.


- Você está indo tomar café?


- É, você quer vir?


- Bem, sim.


  Nós descemos e vamos para a sala  de jantar.


- Você não é de falar muito, não é?


- Me desculpe por isso, e como agi ontem, quando nos conhecemos, estou um tanto transtornado ultimamente.


- Entendo...


  Depois de pegarmos a comida vamos para o jardim e nos sentamos ao lado de uma velha parede, de uma sala que já não é usada.


- Você tem alguma ideia de porquê foi selecionada, Eloise?


- Eu atingi a média no teste de aptidã...


- Não estou falando do teste. - Me interrompe. - Você tem alguma ideia de porquê foi selecionada?


- Você tem Joseph?


  Ele me olha com um sorriso, estava esperando que eu dissesse isso, tem uma satisfação estranha e silenciosa por trás daquela franja castanha que cobre seu olho esquerdo. Ele volta à encarar a metade do biscoito que tinha em sua mão.


- Acho que minhas experiências com... Químicos.


- Químicos? Como a solução?


- Como os injetáveis, os solúveis, consumíveis...


- Então, drogas?


- É. Drogas.


  Ele volta as costas contra a parede e joga a cabeça sobre o ombro esquerdo me olhando. Eu repito o movimento.


- Você fabricava?


- Eu usava, todas elas. E tô vivo, é por isso que eu fui selecionado.


- Mas o que isso tem a ver com o que nós viemos fazer aqui?


Ele se retira para frente e começa a recolher os pratos.


- Resistência imunológica. Eu não precisei ser curado, porque nunca estive doente. - Joseph se levanta e estica uma das mãos pra que eu fique de pé. - Agora você entende?


- É, mas não sei se acredito em você.


- Por que?


- Duvido que eles realmente tenham te escolhido por isso. Você passou no teste como todos nós, e foi isso.


- Tá, se você prefere acreditar nisso...


  Ele coloca os pratos sobre a mesa e sobe as escadas sem falar mais nada. Ao chegar na porta, se vira e lança sobre mim um olhar, não era dúvida, era algo mais como um sentimento de "está mentindo pra si mesma."  E se eu estivesse? Será que eu estava mesmo mentindo pra mim? Existia outro motivo pra um de nós estarmos lá?  Eu já estava entrando no quarto.


- Você não deveria ter feito aquilo.

Comment